Bioinformática Integrada: aulas começam em breve

Terá início, em setembro, mais uma edição da Bioinformática Integrada, primeira disciplina elaborada, de forma compartilhada, por diferentes programas de pós-graduação da Fiocruz. A vantagem desse sistema é que os alunos têm acesso a um leque maior de conhecimentos, que inclui a expertise de pesquisadores de várias unidades da Fundação.

“A diversidade da Fiocruz é um dos nossos diferenciais e, no ensino, temos por objetivo promover cada vez mais essa integração, de forma a beneficiar os alunos. Ações como essa também contribuem para o fortalecimento institucional da Fundação”, destaca a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC), Nísia Trindade.

Assim como no ano passado, a disciplina será oferecida em programas de quatro unidades: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (CPqGM/Fiocruz Bahia), Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas), Fiocruz Rondônia e Instituto Oswaldo Cruz (IOC), no Rio de Janeiro. As atividades são ministradas por meio de videoconferência ou, ainda, webconferência, com o suporte do Ambiente Virtual de Aprendizagem da Fiocruz Bahia.

“Nossa intenção é facilitar a vida do aluno e, por isso, oferecemos esses dois sistemas. As aulas acontecem em um mesmo momento, mas as pessoas assistem de locais diferentes”, explica o pesquisador da Fiocruz Minas Jeronimo Ruiz, um dos coordenadores da disciplina. Segundo ele, no caso da videoconferência, há um tutor em cada sala de aula, que esclarece as dúvidas que surgirem. Já para assistir por meio de webconferência, o aluno acessa a um link e envia os questionamentos para uma sala de conversa, que conta com um mediador.

Área multifuncional- Para montar o programa da disciplina, os pesquisadores das unidades envolvidas reuniram uma série de temas relacionados à genômica computacional. Cada profissional ficou responsável pela área de sua competência e, partir daí, as aulas foram gravadas.

De acordo com o pesquisador da Fiocruz Bahia Luciano Kalabric, que também coordena a disciplina, o curso procura passar para os alunos aquilo que já está consagrado enquanto método para obtenção e análise de dados sequenciais, mas sem a pretensão de completude. “A área de bioinformática está em desenvolvimento rápido e não temos como contemplar todas as novidades que surgem. Por isso, os conteúdos são discutidos e avaliados constantemente, de forma a oferecer sempre conhecimentos atualizados”, explica.

Na primeira edição da Bioinformática Integrada, 52 pessoas receberam certificado. “Interessante é que, praticamente, não houve evasão, muito comum em atividades de educação a distância. É por isso que vamos repetir, pois vimos que, embora tenham ocorrido algumas questões técnicas decorrentes de conexão com a internet, o resultado foi bastante positivo”, afirma o educador e integrante do Grupo Informática de Biossistemas e Genômica da Fiocruz Minas Frederico Gonçalves Guimarães, que ministrou algumas aulas.

Entre os estudantes que cursaram a disciplina, a avaliação também é positiva. Para Grace Santos Tavares, aluna do curso de Biologia Computacional e Sistemas do IOC, a experiência foi, de fato, muito válida, pois lhe permitiu ganhar conhecimentos aos quais não teria acesso dentro do formato presencial. “O fato de ser à distância não atrapalhou em nada, pelo contrário, ajudou porque abarcou informações muito mais abrangentes”, comenta.

Leilane Oliveira Gonçalves, aluna do curso de Ciências e Saúde da Fiocruz Minas, diz que a mistura de conhecimentos foi o que mais chamou atenção. “É uma oportunidade de não ficarmos focados somente em uma área. Ter contato com os profissionais de outras regiões e absorver o que têm a passar é, realmente, enriquecedor”, afirmou.

Para a professora Luciana Oliveira, também integrante do Grupo Informática de Biossistemas e Genômica da Fiocruz Minas, uma das responsáveis pela elaboração da aula sobre o tema Transcritoma, o projeto se mostrou inovador por possibilitar uma troca entre os pesquisadores da Fundação.  “Foram vários desafios, mas que convergiram em oportunidades reais de aprendizado para todos nós, educandos e educadores”, avalia.

Na primeira edição, além dos alunos dos cursos da Fiocruz, também foram matriculados estudantes provenientes de outras instituições, como Universidade Federal da Bahia, PUC-Minas e Santa Casa de Belo Horizonte. Para a próxima, também serão aceitas pessoas de fora, que poderão se inscrever na categoria de “aluno especial”. Já os que estão matriculados em alguns dos cursos da Fiocruz poderão fazer a inscrição por meio do próprio site do programa de pós-graduação a que está vinculado (as datas serão informadas nos respectivos sites).

“A formação de recursos humanos em bioinformática ainda é recente no Brasil. Então, oferecer esse acesso a alunos das mais diferentes localidades, diminuindo custos com deslocamentos, é, sem dúvida, uma experiência que contribui em vários aspectos, inclusive, para o crescimento da área”, destaca Daniela Resende, pesquisadora da Fiocruz Minas que também esteve envolvida na coordenação da disciplina.

Para Jeronimo Ruiz, pela capacidade de geração de dados, pela existência de um programa de pós-graduação em Biologia Computacional e Sistemas, pela expertise dos pesquisadores nas diferentes áreas e unidades, a Fiocruz tem o potencial de se tornar uma referência nacional na área.

“São vários pesquisadores trabalhando com a bioinformática na Fiocruz e, nesse sentido, foi muito interessante estarmos trabalhando na integração desses profissionais, tanto pelo caráter de formação de recursos humanos envolvido como também pelo fato dessa união poder resultar no  desenvolvimento de projetos de pesquisa integrados”, ressalta.