Coordenação de Vigilância e Laboratórios de Referência da Fiocruz é apresentada ao CPqRR

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A Fiocruz Minas recebeu, na última sexta-feira (2/6), a visita do coordenador de Vigilância e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, e a assessora Tânia Peixoto.  Eles vieram expor as propostas de trabalho da coordenação para os próximos anos e apresentar as principais ações que já vêm sendo adotadas.

Criada recentemente pela presidência da Fiocruz, a nova coordenação nasceu a partir de uma necessidade de apoiar a Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência que, nos últimos anos, teve um crescimento significativo das suas atribuições. Segundo Rivaldo, a complexidade do cenário político, epidemiológico e tecnológico atuais, bem como a ampliação do conceito de vigilância e a subutilização do potencial técnico e científico dos laboratórios de referência também são razões para a criação da área.

“Outra importante razão é a necessidade de que a Fundação volte a ser ousada. Sabemos da crise política e financeira por que passa o país, mas isso não pode ser motivo para que uma instituição de vanguarda como a Fiocruz fique paralisada. Há inúmeras questões que precisam ser solucionadas, e a sociedade não pode ser privada de nossas contribuições”, destacou Rivaldo, durante a apresentação.

De acordo com o coordenador, assim como a saúde – por ser uma questão tão complexa- não deve ficar apenas sob responsabilidade de profissionais da área médica, também a vigilância não deve se restringir às doenças infecciosas. Dessa forma, a coordenação pretende ter um alcance maior, abrangendo outras áreas que afetem a saúde da população. Além disso, uma das tônicas da coordenação será um trabalho integrado com Ministério da Saúde, demais gestores do SUS e outras atividades e ações em vigilância. Também haverá um esforço no sentido de contribuir para integração dos laboratórios de referência.

“Outra atribuição da coordenação será ampliar a participação na detecção e respostas às emergências sanitárias. A Fiocruz, com esse conjunto brilhante de profissionais, não pode aceitar como natural o que houve com a Zika, que só foi detectada como um problema grave quando as crianças já estavam sendo diagnosticadas com microcefalia”, afirmou.

Em ação- Para cumprir com suas atribuições, uma série de medidas já vem sendo adotada, visando estruturar os serviços ligados à coordenação. Calibração de equipamentos, negociações para licitação de serviços, apoio para solucionar problemas técnicos e prediais são algumas das atividades. Está sendo feito ainda um levantamento das condições e demandas dos laboratórios de referência e, além disso, conversas sobre o processo de credenciamento/ recredenciamento desses serviços estão acontecendo.

“Entendemos que é preciso dar condições de trabalho para exigir uma atuação de qualidade. Acreditamos ainda que é importante termos diversos laboratórios regionais credenciados, porque deixar apenas por conta de um laboratório de referência nacional não é eficiente. Esse foi um dos motivos para o atraso das confirmações de casos relacionados à febre amarela”, comentou.

Outra importante atividade que já vem sendo executada são estudos para a reorganização da rede de unidades de sentinelas, que são unidades com alguns protocolos estabelecidos visando melhorar o diagnóstico de agravos. Também está em andamento a elaboração de uma proposta de criação de unidade de respostas rápidas da Fiocruz.

Entre os desafios a serem superados pela coordenação, Rivaldo citou a execução do orçamento, que, para 2017, é de aproximadamente 12 milhões. Mas, segundo ele, há ainda outras questões que demandarão muito trabalho: concluir o diagnóstico das condições de uso dos equipamentos dos laboratórios de referência; iniciar o plano para renovação do parque tecnológico; estimular ações para criação de centros colaborativos nas unidades regionais; voltar a atenção para temas esquecidos, bem como para aqueles desconfortáveis para a saúde pública, como violência, obesidade infantil, dependência química, entre outros.

Citando o dramaturgo e escritor Dias Gomes, Rivaldo deixou uma mensagem: “Dizia Dias Gomes que quem não veio ao mundo para incomodar, não deveria ter vindo. Então, a mensagem é essa: vamos ter que incomodar”.

Fiocruz Minas- Durante a visita, Rivaldo Venâncio e Tânia Peixoto também conheceram um pouco mais sobre o CPqRR e suas atividades. Em uma breve apresentação, a diretora da unidade, Zélia Profeta,  traçou um panorama sobre o Centro e as atividades que vêm sendo realizadas.

“A unidade conta com 690 pessoas, entre servidores, terceirizados, pesquisadores especiais e estudantes. Temos 23 grupos de pesquisa, quatro coleções biológicas , seis serviços de referência e dois programas de pós-graduação. Contamos ainda um grupo de referência em efeitos adversos pós-vacinação da febre amarela, credenciado pelo Programa Nacional de Imunização”, apresentou. “Além das atividades do CPqRR, também temos uma unidade em Bambuí, onde estão sendo realizados esforços para a retomada de atividades locais junto à Prefeitura e a outras instituições do município”, afirmou.

Entre as atividades da unidade, Zélia destacou que uma das principais frentes de trabalho é o estabelecimento de uma parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, visando à designação da Fiocruz Minas  como um centro colaborador da SES-MG.

“A Secretaria já sinalizou que quer a nossa colaboração em relação à malária, leishmaniose, malacologia, doença de Chagas e esquistossomose, dentre outros interesses. Também está nos planos um trabalho relacionado ao câncer e ao fortalecimento da vigilância nos territórios”, disse.

 

Texto: Keila Maia

Foto: João Guilherme Braga