Homenagem às mulheres: diretora do IRR foi uma das agraciadas

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Uma homenagem a mulheres que fazem ou fizeram parte da história de luta e resistência ao longo dos 300 anos de Minas Gerais marcou o início das comemorações pelo Dia Internacional da Mulher, na última sexta-feira (6/3), em cerimônia realizada na Assembleia Legislativa do estado. A diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta, foi uma das homenageadas que, devido à atuação de destaque à frente das causas femininas, recebeu votos de congratulações. Ao todo, foram 42 mulheres agraciadas, entre políticas, ativistas, lideranças comunitárias, defensoras de quilombolas, indígenas e transexuais.

“Desde o ano passado a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da ALMG vem discutindo com diferentes instituições, incluindo a Fiocruz, a situação da violência contra mulher e seus determinantes. Um outro movimento de CT&I para o desenvolvimento do estado de MG, coordenado pela comissão de educação, ciência e tecnologia da ALMG, tem colocado a importância da igualdade de gênero como forma de reduzir assimetrias e nós, da Fiocruz, estamos participando ativamente. A homenagem que recebi é um reconhecimento do trabalho da Fiocruz no fortalecimento de mais mulheres na ciência”, afirma a diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta.

Abrindo a cerimônia, o presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV), lembrou os altos índices de feminicídio e destacou que, lamentavelmente, 80% dos brasileiros ainda têm ideais discriminatórias quanto ao papel da mulher. “São dados que preocupam e nos fazem reiterar nosso apoio à Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Essa questão, essa briga, essa luta, é de todo o parlamento e não apenas das mulheres deputadas”, ressaltou.

A deputada Andréia de Jesus (Psol), presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, enfatizou a força das homenageadas na luta por igualdade e destacou a importância de todas as mulheres para a democracia. “Não podemos nos calar. As políticas públicas que defendem a vida têm que ser protagonizadas por mulheres”, afirmou.

A diretora da Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais, Sandra Maria Andrade, lembrou que os altos índices de feminicídios são subnotificados, uma vez que nas comunidades quilombolas esses crimes não são contabilizados. “Falam que feminicídio não existe e que, na verdade, as mortes se dão por luta por terra. Hoje, embora as mulheres possam ocupar diversos lugares, não há garantia de sobrevivência”, avaliou.

A coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Patrícia Habkouk, lamentou que o Brasil ocupe a 5ª posição no ranking de registros de violência doméstica e familiar. “A violência ainda é muito naturalizada e aceita em nossa sociedade. Coloco-me à disposição desta Comissão porque ainda há muito o que avançar”, afirmou.

Representando as mulheres indígenas, Maria Flor Guerreira, ativista do movimento Pataxó, destacou que mulheres e homens precisam se unir para transformar o mundo em uma aldeia global e superar a violência. “Precisamos falar desse sentimento que nos move para lutar contra o feminicídio. Mulheres e homens precisam se unir porque uma hora a gente se encontra em algum ponto; a gente precisa um do outro”, disse.

Representando as homenageadas, a deputada Marília Campos (PT), ex-presidente da Comissão das Mulheres da Assembleia, defendeu a importância da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 14/19, que assegura a participação de mulheres na composição da Mesa da Assembleia. “Precisamos da aprovação da PEC 14 para enfrentarmos o machismo institucional. Colocar no regimento a garantia da representação das mulheres tem toda uma simbologia”, afirmou.

Ao representar as moradoras do Norte de Minas, irmã Mônica destacou que as mulheres fazem acontecer a história humana. “Minas Gerais é um estado que está sempre à frente, sempre puxado pelas mulheres”, disse.

A transexual Rhany Merces, coordenadora do Fórum Nacional de Trans e Travestis (Fonatrans), lembrou que o Brasil é o país que mais mata trans e travestis. “Estar aqui hoje também é uma representação simbólica da luta de mulheres transexuais e travestis”, destacou.

Uma foto na escadaria da ALMG encerrou as homenagens, simbolizando a força e união das mulheres mineiras.