Jornadas e Raic: Fiocruz Minas abre atividades

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Teve início, na manhã de segunda-feira (8/5), a IV Jornada de Pós-graduação, XXV Reunião Anual de Iniciação Científica (RAIC 2017) e XII Jornada do Programa de Vocação Científica do CPqRR.  O evento conta com a participação de estudantes dos programas de pós-graduação da unidade, além de alunos de outras instituições, que, até a próxima quinta-feira (11/5),  vão apresentar trabalhos, possibilitando aos orientadores avaliar o desenvolvimento dos projetos e ainda estimular o intercâmbio de experiências.

“Este é um evento para debate, reflexão e que traz uma grande oportunidade de aprendizado. Espero que vocês aproveitem o momento para entender que é preciso mergulhar no projeto e avaliar se ele está em consonância com a missão da Fiocruz, que é melhorar a qualidade de vida da população e fortalecer e consolidar o Sistema Único de Saúde”, destacou a diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta, durante a abertura das atividades.

Ministrada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia e professor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), Maurício Barreto, a palestra de abertura teve como tema Moléculas, indivíduos e populações: desafio para a integração de conhecimentos para a saúde. Em sua apresentação, Barreto ressaltou a importância da interdisciplinaridade e da integração de conhecimentos.

“Temos uma grande capacidade de gerar conhecimento, mas ainda precisamos entender como utilizar toda a informação que vem sendo gerada. Durante minha trajetória profissional, pude participar de uma série de projetos, tendo, assim, a oportunidade de lidar com o desafio de integrar conhecimentos e de entender questões amplas”, contou.

Segundo o pesquisador, as disciplinas são a espinha dorsal da interdisciplinaridade, pois são elas que organizam a forma de pensar e é em torno delas que uma série de recursos são disponibilizados. Já a transdisciplinaridade é a relação do mundo acadêmico com o mundo externo.

“Houve um tempo que se pensou que era preciso eliminar as disciplinas para se promover um trabalho integrado. Mas entendo que esse não é o caminho. As disciplinas são centrais para o desenvolvimento científico”, avaliou.

Barreto também elencou alguns fatores que contribuem para as divergências entre as várias disciplinas das ciências da saúde, como os diferentes níveis e tipologias de investigação.

“Um epidemiologista, por exemplo, tem foco na população, enquanto um clínico se concentra no indivíduo e nos casos de doença. Já o geneticista atuará com partes ainda menores”, explicou. Segundo ele, essas diferenças acontecem também em relação aos desenhos de investigação: enquanto a pesquisa básica se utiliza dos experimentos, os estudos clínicos usam métodos observacionais. “É claro que vez ou outra um pode se valer da metodologia do outro, mas os arranjos dominantes em cada campo cientifico são esses”, afirmou.

Outros fatores, como temporalidade entre exposições e os efeitos, influência de perspectivas reducionistas, dilema entre validade interna e externa, diferentes racionalidades no tocante das causas dos eventos, bem como diferentes formas de construir e entender as evidências científicas, também foram relacionados pelo pesquisador.

Barreto também apontou algumas alternativas de integração das ciências da saúde. “A replicação, a busca das melhor evidência, a medicina narrativa, a pesquisa translacional e as ferramentas para lidar com grande capacidade de dados são algumas delas”, apontou.

Para o pesquisador, promover a integração do conhecimento, depende de uma série de atores, como as instituições, as agências de fomento e também dos pesquisadores. “Precisamos estimular a formação para somar e procurar compreender os diferentes estilos de pensamento”, ressaltou.

 

Texto: Keila Maia

Foto: João Estábile