Paulo Marcos Zech Coelho

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Paulo Marcos Zech Coelho, nascido em Belo Horizonte, insere-se em uma longa tradição de pesquisadores mineiros, e da Fiocruz Minas, que investigam a esquistossomose. Formado em Farmácia, em 1968, pela Universidade Federal de Minas Gerais, ele logo ingressou na primeira turma do curso de pós-graduação do Departamento de Parasitologia da UFMG[1], tendo como orientador de mestrado o professor José Pellegrino, célebre cientista da área. Completou o doutorado na mesma instituição, pesquisando o tema: “Schistosoma mansoni: antígenos do hospedeiro em vermes obtidos de diversos vertebrados de laboratório”, dessa vez sob a orientação do professor Giovanni Gazzinelli.

Assim, tendo o privilégio de trabalhar com dois dos maiores nomes da esquistossomose no Brasil, e no mundo, Paulo Marcos enveredou pela carreira acadêmica e científica. Na década de 1970 ele foi admitido na UFMG, por meio de concurso público, como professor do Departamento de Parasitologia e Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). Em 1975 o Departamento dividiu-se em dois, independentes, permanecendo o pesquisador no Departamento de Parasitologia.[2] Na universidade, Paulo Marcos Zech Coelho teve uma carreira profícua, orientando diversos alunos de mestrado e doutorado, além de ocupar cargos como o de Chefe de Departamento e Coordenador do Curso de Pós-graduação. Foi também coordenador do Grupo Interdepartamental de Esquistossomose (GIDE), criado em 1969 pelo professor Eduardo Osório Cisalpino, juntamente com José Pellegrino, com o objetivo de “melhorar as condições existentes para um trabalho científico e treinamento cada vez melhores no campo da esquistossomose”. O GIDE mantinha parceria com o Instituto Nacional de Endemias Rurais, órgão governamental, sendo conveniado à Organização Mundial da Saúde.[3]

Paulo Marcos Zech Coelho aposentou-se na UFMG em 1998, como professor titular. Além disso, compôs o quadro docente do Núcleo do Programa de Pós-Graduação da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte.[4] O pesquisador trabalhou como consultor especializado de agências nacionais e internacionais de pesquisa. No Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foi, além de pesquisador 1A, integrante do Comitê Assessor da área de Microbiologia/Parasitologia. Na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), foi membro da Comissão de Avaliação Continuada dos Programas de Pós-Graduação, do campo de Ciências Biológicas. Também atuou na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), como assessor no âmbito das Ciências Biológicas e Biotecnologia. Na Organização Mundial da Saúde desempenhou a função de expert na temática da esquistossomose, tendo sido nomeado representante do Brasil em evento da organização, na China, com o tema “Uso de moluscicidas no controle da esquistossomose”.

No ano de 2002, Paulo Marcos ingressou como pesquisador no Instituto René Rachou, assumindo a chefia do Laboratório de Esquistossomose. No instituto, também exerceu importante papel de orientador, qualificando uma geração de novos cientistas. Ali, ele ainda trabalhou como articulador no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, criado em 2003.  Na Fundação Oswaldo Cruz foi Coordenador do Grupo de Pesquisadores em Esquistossomose.[5] Aposentou-se no Instituto René Rachou em 2014, como pesquisador titular. Ao longo da sua carreira, expandiu e aprofundou o conhecimento científico sobre a esquistossomose, com trabalhos publicados sobre, “interação parasito hospedeiro, aperfeiçoamento do diagnóstico parasitológico e imunológico na esquistossomose mansonica, epidemiologia e controle da esquistossomose em áreas de baixa endemicidade, imunopatologia da esquistossomose em modelos experimentais, desenvolvimento de novas drogas esquistossomicidas e efeitos sinérgicos da associação entre compostos com ação conhecida, desenvolvimento de um modelo de controle da esquistossomose com a introdução de linhagem resistente de Biomphalaria tenagophila em áreas endêmicas com a transmissão mantida por esta espécie”.[6]

Paulo Marcos é membro destacado da comunidade científica nacional, tendo presidido a Sociedade de Biologia de Minas Gerais. Foi contemplado com a Medalha Manoel Augusto Pirajá da Silva, em 2008, quando do centenário da descoberta do Schistosoma mansoni pelo grande médico baiano. No mesmo ano recebeu a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico, concedida pela Presidência da República a “personalidades nacionais e estrangeiras que se distinguiram por suas relevantes contribuições prestadas à Ciência, à Tecnologia e à Inovação”.[7]

Em novembro de 2018, a Fundação Oswaldo Cruz outorgou o título de Pesquisador Emérito a Paulo Marcos Zech Coelho, pelo valor especial de suas investigações e pelos relevantes serviços prestados à instituição. A diplomação ocorreu em maio de 2019, por ocasião das comemorações dos 119 anos da Fiocruz. No evento, a presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, ressaltou a importância de conectar passado e presente no reconhecimento da carreira dos homenageados, “É uma honra tê-los como pesquisadores eméritos da Fundação e suas trajetórias nos inspiram”.[8] Certamente, do mesmo modo que, um dia, Paulo Marcos Zech Coelho, foi inspirado pelos seus mestres, José Pellegrino e Giovanni Gazzinelli, hoje ele é exemplo de pesquisador para as futuras gerações de cientistas.

Projeto Memória. Trajetória histórica e científica do Instituto René Rachou – Fiocruz Minas.

Coordenadores: Dr.ª Zélia Maria Profeta da Luz; Dr. Roberto Sena Rocha.

Historiadora: Dr.ª Natascha Stefania Carvalho De Ostos.

Texto de: Natascha Stefania Carvalho De Ostos – Doutora em História

[1] GUIMARÃES, Marcos Pezzi. Departamento de Parasitologia. Setor de Helmintologia. In: COSENZA, Ramon Moreira (org.). ICB 30 anos. Memórias do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998, p. 228.

[2] LEITE, Antonio Cesar Rios. Departamento de Parasitologia. Lembranças de tempos passados e o atual. In: COSENZA, Ramon Moreira (org.). ICB 30 anos. Memórias do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998, p. 220-221.

[3] ICB, UFMG. Boletim Especial. Edição comemorativa, 15 anos do ICB, 1969-1984, p. 12.

[4] CARVALHO, Omar Santos; COELHO, Paulo Marcos Zech; LENZI, Henrique Leonel (orgs.). Schistosoma mansoni e esquistossomose: uma visão multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008, s./p.

[5] LUZ, Zélia Maria Profeta da. Indicação de Paulo Marcos Zech Coelho como pesquisador emérito da Fiocruz. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/personalidade/paulo-marcos-zech-coelho>.

[6] LUZ, Zélia Maria Profeta da. Idem.

[7] BRASIL. Decreto n. 4.115, 06 de fev. 2002, art. 2º. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4115.htm>.

[8] FIOCRUZ. Fiocruz entrega título a novos pesquisadores eméritos. Disponível em: <https://agencia.fiocruz.br/fiocruz-entrega-titulo-novos-pesquisadores-emeritos>.