Pesquisa vai avaliar impactos da pandemia nas práticas reprodutivas de mulheres no Brasil

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Um estudo realizado pela Fiocruz e Universidade Federal da Bahia (UFBA) pretende identificar os impactos da pandemia na vida e na saúde das mulheres, com ênfase nos aspectos reprodutivos. Intitulada Pandemia de Covid-19 e práticas reprodutivas de mulheres no Brasil, a pesquisa vai traçar um panorama sobre essa questão no país, buscando mostrar a diversidade desses impactos conforme a classe social, raça\cor e etnia, região de residência, entre outros marcadores sociais de diferença.

Segundo as pesquisadoras que estão à frente do estudo, epidemias anteriores e crises sanitárias e humanitárias mostraram como os serviços de saúde foram afetados, com restrição de funcionamento e interrupções, especialmente dos serviços voltados para a assistência à saúde integral da mulher. Em outros países, já se tem um registro de aumento de gravidez indesejada, complicações de aborto, dificuldades de acesso à contracepção e aumento da mortalidade materna. Também há relatos de mulheres com dificuldade de acesso a ações preventivas ou ao tratamento de doenças de mama e ginecológicas, incluindo tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. Assim, o intuito da pesquisa é verificar como todas essas questões estão ocorrendo no Brasil.

“A pandemia tem impactos em muitas dimensões da vida das mulheres que também afetam a saúde reprodutiva: a situação do trabalho, a sobrecarga doméstica, os cuidados com os filhos, com pais, sogros e outros parentes com necessidades ou doentes, a saúde mental. Esses são tópicos importantíssimos que merecem ser aprofundados. Além disso, queremos pensar sobre aqueles segmentos que sabidamente estão em situação de maior vulnerabilidade social. O universo de mulheres que vivem no Brasil é extremamente heterogêneo, complexo e desigual; então esperamos que a pesquisa possa contribuir para evidenciar esta multiplicidade das experiências”, destacam as pesquisadoras.

Inquérito- Para levantar os dados que vão possibilitar conhecer esses efeitos, em um primeiro momento, a pesquisa contará com um questionário autoaplicável, disponibilizado por meio de um formulário online com perguntas fechadas, que poderá ser respondido por mulheres acima de 18 anos, residentes no Brasil. Posteriormente, será realizada uma análise das respostas e, a partir das questões que se destacarem, será feito um estudo qualitativo, com entrevistas individuais e grupos focais.

“Procuramos desenvolver um instrumento fácil de ser respondido, com questões objetivas e uma linguagem acessível e de rápido preenchimento. Na fase de teste do questionário, tivemos importantes colaborações de mulheres, que demonstraram um grande interesse em falar sobre suas experiências e em participar da produção de conhecimentos”, afirmam as pesquisadoras. O link gerado para resposta ao questionário pode ser compartilhado em diferentes ambientes virtuais, como Instagram, Facebook e WhastApp.

Os conhecimentos que forem produzidos poderão subsidiar formuladores de políticas públicas para fortalecimento de ações, programas e estratégias que assegurem os direitos reprodutivos e à saúde integral das mulheres, enfrentem as iniquidades estruturais e promovam a justiça reprodutiva. “Além disso, queremos que esses conhecimentos possam ser úteis para as próprias mulheres, as redes e os grupos ativistas, apoiando suas lutas por direitos e justiça e seus processos de produção de conhecimento”, ressalta a equipe responsável pela pesquisa.

O estudo é coordenado pelas pesquisadoras Denise Nacif Pimenta, do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), Claudia Bonan Jannotti, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e Ana Paula dos Reis do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA).

Para acessar o questionário, basta clicar no link a seguir: https://redcap.fiocruz.br/redcap/surveys/index.php?s=PCJ9DKHH4X