Natural de Belo Horizonte, Bernadete Patrícia Santos começou a trabalhar no IRR, como celetista, no ano de 1986. Ao saber da existência de uma vaga para secretária no Instituto René Rachou, ela se candidatou. A posição era para o Laboratório de Esquistossomose, chefiado pelo pesquisador Naftale Katz, então diretor da instituição. Ele entrevistou as candidatas e pediu que realizassem um teste, que consistia em datilografar um texto em inglês. Bernadete foi selecionada e começou a trabalhar, onde permaneceu por 14 anos. A adaptação inicial teve percalços, devido ao fato dela ser muito jovem e também por questões de tratamento nas relações de trabalho.
Durante sua carreira, a servidora sempre desempenhou funções administrativas, mas passou por diferentes setores do IRR. Foi secretária da diretoria por 2 anos, e também atuou no financeiro ao longo de 10 anos. Ali, Bernadete se identificou com o tipo de trabalho, pois sendo formada em contabilidade possuía afinidade com as atividades do setor. Porém, devido à climatização do espaço, com ar condicionado central, sua condição alérgica piorou. Diante das constantes crises ela foi transferida para o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), como secretária. No novo espaço ela pôde contar com uma sala individual.
Sobre a estrutura do IRR, Bernadete conta que as condições gerais eram boas, apesar do espaço ser muito pequeno. Ela sentia falta de locais amplos, com circulação de ar natural, já que seu trabalho demandava, principalmente no começo, a manipulação de papéis e documentos. Para ela esse foi um dos maiores desafios, em razão dos impactos em sua saúde.
Na condição de mulher Bernadete relata situações pontuais de desconforto em razão de olhares e comentários. Mas o que lhe causava maior contrariedade, como mulher e secretária, era o fato de ser desconsiderada no momento de repassar ordens ou pedidos advindos da chefia. Por vezes era preciso que o chefe intervisse diretamente para requerer o que ela já havia demandado.
Mas a servidora conta que também teve muitas experiências positivas, conhecendo pessoas com as mais variadas bagagens profissionais, principalmente em eventos e reuniões. Bernadete avalia que com o passar dos anos ela se tornou mais flexível, perdendo um pouco da ansiedade que tinha em realizar todas as tarefas de modo imediato. A convivência com os colegas também ajudava, pois como o número de funcionários era menor, todos se conheciam e confraternizavam nas ocasiões festivas.
O momento que a servidora recorda com mais carinho foi quando da homenagem que recebeu, juntamente com outros funcionários, por seus 25 anos de IRR. Ela ganhou uma placa e a data foi marcada por um encontro que reuniu toda a comunidade, com discurso feito pela pesquisadora Virgínia Schall e registros fotográficos.
Bernadete se sente muito realizada por integrar a Fiocruz, e sabe que seu trabalho faz parte da vocação institucional de servir a população brasileira. No IRR ela não apenas conheceu pessoas, como também abriu os próprios horizontes. Por essa razão, apesar de já ter tempo suficiente para se aposentar, ela considera que precisa, primeiro, encontrar atividades prazerosas antes de parar de trabalhar, para não perder a conexão com o mundo e nem se restringir ao espaço da casa.
Atualmente, como secretária do CEP, a servidora relata seu empenho em cuidar dos interesses dos participantes das pesquisas, de modo que os protocolos estejam em sintonia com as normas éticas. O compromisso de Bernadete com as pessoas se resume na sua declaração: “a porta da minha sala está sempre aberta”, verdadeiro sinal de acolhimento e boas-vindas.
Texto: Natascha Ostos
Entrevistadora: Cláudia Gersen
Apoio:
– Direção IRR
– Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade
Agradecimentos: Bernadete Patrícia Santos, pela entrevista concedida no dia 25/08/2023.