Esquistossomose é tema de simpósio internacional organizado pela Fiocruz

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Entre os dias 21 e 23 de novembro, acontece a 16ª edição do Simpósio Internacional sobre Esquistossomose, em que estarão reunidos centenas de especialistas do Brasil e de outros países. O encontro tem por objetivo promover uma troca de conhecimentos e experiências entre os cientistas que estudam a doença e os gestores da área de saúde, de forma a unir esforços e acelerar o processo de eliminação da esquistossomose como problema de saúde pública. Organizado pela Fiocruz, o evento será no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais.

Um dos temas em debate durante o simpósio será o documento intitulado Recomendações dos membros do Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fundação Oswaldo Cruz (Fio-Schisto) para o controle e eliminação da esquistossomose humana no Brasil. O documento é fruto da análise de um guia lançado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro de 2022, propondo recomendações a serem adotadas pelos países, visando ao controle e à eliminação da doença no mundo.

“Nós analisamos o guia da OMS e vimos que seriam necessárias algumas adequações à realidade brasileira. Assim, no documento elaborado pela Fiocruz, com a participação de pesquisadores convidados, propomos uma série de recomendações apropriadas às políticas de saúde pública e aplicáveis à realidade epidemiológica do país, além de sugerir pesquisas futuras para esclarecer as questões pertinentes. Durante o evento, vamos discutir essas propostas”, explica a pesquisadora da Fiocruz Minas Roberta Lima Caldeira, presidente do simpósio.

Outro destaque do evento será o lançamento do estudo para implementação do uso do Praziquantel Pediátrico na população brasileira. Trata-se do único fármaco disponível para o tratamento da esquistossomose e que, até então, não dispõe de uma versão adequada ao público infantil, dificultando o tratamento da doença. O Praziquantel Pediátrico é um comprimido orodispersível, que facilita a sua administração em crianças menores de seis anos de idade.

Também estarão em discussão o desenvolvimento de testes de diagnóstico mais sensíveis, vacinas, medicamentos, e controle do hospedeiro intermediário. Será abordado ainda o aperfeiçoamento das estratégias de informação, educação e comunicação em saúde e saneamento básico, bem como os aspectos epidemiológicos, clínicos e da biologia do parasito e de seus hospedeiros. Veja toda a programação no site do evento.

Durante os três dias, serão realizadas cinco conferências e 14 mesas redondas, com a participação de 50 especialistas do Brasil, Inglaterra, Estados Unidos, Suíça, Camarões, França, Holanda e Escócia. São esperados cerca de 350 participantes, entre pesquisadores, agentes de saúde dos municípios endêmicos e coordenadores de secretarias estaduais de saúde de todo o Brasil. “Somente unindo forças e expertises, será possível traduzir o conhecimento gerado nas instituições de pesquisa e ensino em ações concretas, políticas e produtos necessários para o sucesso do programa de controle e eliminação da esquistossomose”, afirma Caldeira.

Esquistossomose no país- Dados do último Inquérito Nacional de Prevalência da Esquistossomose e das Geo-helmintíases mostram que aproximadamente 1,5 milhão de pessoas possam estar infectadas com o Schistosoma mansoni no paísA transmissão ocorre de forma endêmica nos estados de Alagoas, Bahia, Maranhão, Pernambuco, Sergipe, Minas Gerais e no Espírito Santo. Há também registro de focos de transmissão no Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo e no Pará.

No restante do país, são notificados casos, em sua maioria importados de áreas endêmicas, devido ao fluxo migratório de pessoas.

A doença- A esquistossomose é uma doença causada pelo Schistosoma mansoni, parasito que tem no homem seu hospedeiro definitivo, mas que necessita de caramujos como hospedeiros intermediários para desenvolver seu ciclo evolutivo. A transmissão desse parasito se dá pela liberação de seus ovos, através das fezes do homem infectado. Em contato com a água, os miracídios eclodem e penetram nos caramujos e, algum tempo depois, liberam novas larvas. Na água, as larvas (cercarias) penetram na pele e/ou mucosa do homem, reiniciando o ciclo.

A doença apresenta duas fases durante seu processo evolutivo: aguda e crônica. Na primeira fase, os principais sintomas podem ser vermelhidão e manifestações de coceiras e dermatite na pele, febre alta, inapetência, fraqueza, enjoo, vômitos, tosse, diarreia e rápido emagrecimento. Na fase crônica, a mais grave, os sintomas são o aumento do abdômen e de órgãos como fígado e baço, hemorragias ao defecar, fadiga, cólica, prisão de ventre, cirrose e o aparecimento de ínguas em diversas partes do corpo.