Um estudo do Grupo de PolÃticas de Saúde e Proteção Social da Fiocruz Minas foi um dos 20 trabalhos premiados durante o 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado em Salvador, entre os dias 21 e 24 de novembro. Intitulado Desigualdades de saúde no território brasileiro: uma proposta de priorização para o alcance dos objetivos do desenvolvimento sustentável, o trabalho construiu um Ãndice de priorização (IP), visando acelerar o cumprimento das metas nacionais de saúde vinculadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), considerando os principais gargalos nas regiões de saúde do paÃs.
Para construir o Ãndice, os pesquisadores se basearam em dados das 450 Regiões de Saúde (RS) do Brasil, no perÃodo compreendido entre 2015 e 2019. O Ãndice de priorização proposto corresponde à média aritmética de 25 indicadores de saúde dos ODS, construÃdos com dados municipais provenientes de fontes públicas oficiais. A equipe de pesquisa também definiu três intervalos de priorização, visando facilitar a identificação das regiões de referência e aquelas com desempenho insuficiente.
Os resultados mostraram que a maior parte dos territórios mais vulneráveis está na Região Norte do paÃs, indicando a necessidade de priorizá-la para a alocação dos recursos em saúde no paÃs. O estudo também mostrou uma relação de dependência espacial (contiguidade) nos resultados, onde as regiões com pior desempenho estão na vizinhança de outras regiões também de desempenho mais baixo, o que reforça a necessidade de uma reorganização dos serviços de saúde no território. Além disso, a análise dos subÃndices permitiu destacar os gargalos locais de saúde, mostrando a importância de que os municÃpios de cada região estabeleçam suas próprias prioridades na decisão de alocação dos recursos da saúde.
Para os pesquisadores, as constatações do estudo apontam caminhos que podem apoiar a implementação da Agenda 2030, em nÃveis local e nacional, além de fornecer elementos para os formuladores de polÃticas públicas para minimizar os efeitos das iniquidades sociais sobre a saúde no paÃs.
Fizeram parte da equipe responsável pelo estudo os pesquisadores FabrÃcio Silveira, Gabriela Drummond Marques da Silva, Rômulo Paes de Sousa, da Fiocruz Minas, e Wanessa Debôrtoli de Miranda, da UFMG.
Sobre o congresso- A 13ª edição do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Abrascão 2022, maior Congresso da área e um dos maiores do mundo, reuniu cerca de sete mil participantes, entre pesquisadores nacionais e internacionais, docentes, profissionais de saúde e estudantes. Tendo como tema “Saúde é Democracia: diversidade, equidade e justiça social”, o evento contou com 41 mesas-redondas, 17 painéis, quatro sessões especiais e três grandes. Ao todo, foram apresentados 5.578 trabalhos, entre comunicações coordenadas e apresentações curtas assÃncronas pré-gravadas. Toda essa produção representa as pesquisas e experiências mais ricas na área, que contribuem com o fortalecimento e a inovação do SUS e do conhecimento crÃtico na grande área da saúde.
O Abrascão 2022 é uma realização da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em parceria com o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) e contou com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-Ba), Secretaria de Saúde da Prefeitura de Salvador, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade Estadual Do Sudoeste Da Bahia (UESB), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Governo do Estado da Bahia, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Ministério da Saúde.