Fiocruz lança repositório com informações geradas pelo Programa de Controle da Doença de Chagas

ficha chagas

Entre os anos de 1976 e 1999, a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) foram responsáveis pelo Programa de Controle da Doença de Chagas. Durante esse período, realizaram ações em diversos municípios de Minas Gerais e levantaram informações sobre a captura de triatomíneos, conhecidos como barbeiros, que iam sendo manualmente registradas e organizadas em um arquivo que recebeu o nome de Kardex. Nos últimos anos, todo esse conteúdo foi digitalizado e, a partir de agora, ficará disponível para consulta no Arca Dados, repositório institucional de informações geradas por pesquisas da Fiocruz. O lançamento do Kardex digital foi realizado na última quinta-feira (14\4), Dia Mundial da Doença de Chagas.

A integração do Kardex ao Arca Dados é fruto de um trabalho que envolveu diferentes unidades e áreas da Fundação. O início do projeto se deu por meio de uma parceria entre a Fiocruz Minas, unidade que estava responsável pelos arquivos físicos, e o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), visando à digitalização das informações. Posteriormente, o projeto foi escolhido pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz) para fazer parte de um piloto do Arca Dados, que visa tornar públicas as informações geradas pelas pesquisas realizadas na instituição, em consonância com a Política de Ciência Aberta da Fundação. Mas, para isso, foi necessário formalizar junto à Funasa a concessão do direito de uso dos dados por parte da Fiocruz. Assim, um termo de cessão foi assinado no dia 1º de abril pela superintendente estadual de Minas Gerais da Funasa, Edicleusa Veloso Moreira, e o diretor da Fiocruz Minas, Roberto Sena Rocha.

“Esse banco de dados estava sob os cuidados da Fiocruz Minas desde o início dos anos 2000. Os arquivos focam alocados em duas salas no Posto Avançado de Pesquisas Emmanuel Dias, em Bambuí. Todos os registros foram individualmente digitalizados e constituem um dos objetivos da tese de doutorado do nosso aluno Eduardo Ribeiro de Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. A partir de agora, poderemos fazer o lançamento desse projeto tão importante e compartilhar essas informações  com todos os que possam se interessar, por meio do Arca”, explica a pesquisadora Lileia Diotaiuti, líder do Laboratório de Referência em Triatomíneos e Epidemiologia da Doença de Chagas e  idealizadora do projeto.

Importância- O Kardex conta com dados de capturas de triatomíneos realizadas nas casas das mais diversas localidades rurais de Minas Gerais, como  fazendas, sítios, vilas entre outros lugares. Os registros versam sobre espécies coletadas, estádio de desenvolvimento, necessidade de borrifação, inseticida usado, ao longo dos anos de trabalho realizado. Ao todo, foram digitalizadas 185 mil fichas, em verso e anverso, com dados de relevância histórica e epidemiológica.

“Do ponto de vista histórico, são informações a respeito de um trabalho muito bem-sucedido, realizado em outro momento do sistema de saúde pública brasileiro. E, sob o aspecto epidemiológico, é uma fonte inesgotável de informações para pesquisa científica e para análises e atividades de controle dos municípios”, destaca a pesquisadora.

O Kardex recebeu recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Coordenação de Laboratórios de Referência e Vigilância em Saúde da Fiocruz, que deu total apoio para a realização do projeto. Além do doutorando Eduardo Ribeiro, contou com a participação do aluno de iniciação científica Matheus Lamas Galvão, que atuou na inserção de dados no sistema.