IRR promove oficina de cadeirinhas para crianças com microcefalia

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Familiares de crianças com síndrome congênita do Zika participaram, no último sábado (14/4), de uma oficina para confecção de cadeiras adaptadas, visando oferecer melhor postura para os bebês. A cadeira foi elaborada pela fisioterapeuta e pós-doutoranda Priscila Neves Silva, e a atividade, promovida pela Fiocruz Minas e Rede Zika Ciências Sociais, contou com a colaboração de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, que, durante toda a tarde, auxiliaram as famílias na montagem do equipamento. Também estiveram presentes voluntários do IRR com suas famílias, estudantes de graduação e de pós-graduação de diversas áreas e instituições.

“A ideia é oferecer uma cadeira que traga mais conforto para as crianças e que, além disso, incentive a participação dos familiares em atividades que proporcionem desenvolvimento para os bebês. E é ainda uma oportunidade de aproximar as mães e pais dessas crianças, para que possam trocar experiências e compartilhar informações”, afirma a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Berenice Freitas, uma das organizadoras do evento.

A oficina, que surgiu da demanda das próprias mães, foi uma as primeiras ações do programa de extensão Ativando Redes de Solidariedade, criado pela direção da Fiocruz Minas. A ideia é fortalecer e apoiar a Associação Mães de Anos de Minas (Amam), atuando na articulação junto ao poder público, tendo em vista a garantia de uma série de direitos sociais dessas famílias.

“A oficina de cadeirinhas é apenas uma ação. A atividade marca o início de uma parceria que será, certamente, muito duradoura”, afirmou a diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta, durante o evento.

Participaram da atividade cerca de 30 famílias, vinculadas ao grupo Mães de Anjos de Minas, que em breve se tornará associação. Uma delas foi a do pequeno Antônio, de 1 ano e seis meses. A mãe, Priscila Matos, disse que, embora tenha o apoio do marido e familiares, sente necessidade de falar sobre a doença do filho com pessoas que estejam vivenciando situação semelhante.

“ Nos primeiros meses de vida do Antônio, ficava com a sensação de que somente eu tinha um filho com microcefalia. Conhecer outras mães me deu força pra enfrentar a situação. E estar aqui hoje é mais uma oportunidade de conversar com pessoas que precisam superar os mesmos desafios”, destacou.

Algumas famílias e mães se conheceram pela primeira vez durante a oficina. “Este é um dos grandes objetivos desta ação: propiciar um ambiente de troca e construção coletiva do conhecimento na superação de desafios postos pela doença”, afirma a pesquisadora da Fiocruz Minas e da Rede Zika de Ciências Sociais, Denise Pimenta.

Crianças que nascem com microcefalia requerem cuidados e atenção especial por toda a vida. Entre as necessidades, está um medicamento para evitar convulsão, além de fraldas e leite especiais, fisioterapia e uma série de outros tratamentos específicos, conforme o nível de comprometimento cerebral de cada uma.

Samantha Gabriele, mãe de Théo, comentou que, além desses itens, as famílias também necessitam de orientação psicológica. “Precisamos que olhem esse lado também porque não é fácil ser mãe 24 horas. A criança passa a ser quase uma extensão do nosso corpo, de tanto tempo que passa no colo da gente.  No meu caso, por exemplo, tomar um banho sozinha é luxo”, comentou.

Juliana Lima, mãe de Ana Júlia, concorda. Ela salientou que muitas mulheres estão tendo que criar os filhos sozinhas, já que, diante da dificuldades geradas pela doença,  muitos pais estão deixando a família. “Precisamos que nos orientem sobre como lidar com a situação de ser mãe e pai ao mesmo tempo”, completou.

Aberta a todos os membros da família das crianças, a oficina de cadeirinhas contou ainda com o grupo Doutores Palhaços de BH e três contadores de história, que fizeram brincadeiras e divertiram os participantes.

Foto: Fernanda Menezes