Fiocruz Minas promove seminário sobre saúde e agroecologia

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O fortalecimento de uma agenda em saúde e agroecologia foi tema de um seminário promovido na Fiocruz Minas, na última segunda-feira (31/10). O evento, realizado no auditório da unidade, contou com a participação da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do IRR. Durante todo o dia, produtores locais ofereceram produtos orgânicos em uma feira organizada no salão da Asfoc.

O diretor da Fiocruz Minas, Roberto Sena Rocha, abriu as atividades destacando a satisfação de aprofundar o debate sobre agroecologia na unidade. “O IRR é ainda tímido nas discussões sobre esse tema que se faz cada vez mais importante. Espero que seja o primeiro seminário de uma série, e que possamos desenvolver muitos projetos em conjunto”, afirmou.

Acompanhando o evento por meio de plataforma online, o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, Hermano Castro, ressaltou a importância do fortalecimento dessa discussão na Fiocruz, especialmente neste momento de transição no país. “A Fiocruz tem um papel importante e central e precisa ter como meta o enfrentamento da fome e da inseguridade alimentar. A agroecologia é fundamental para termos êxito”, destacou.

Assessor de Saúde e Ambiente da VPAAPS, André Burigo apresentou um panorama sobre a agenda de saúde e a agroecologia na Fiocruz. Segundo ele, o processo de estruturação teve início em 2018 e está orientado pelo compromisso com o fortalecimento de ações articuladas entre diferentes áreas do campo da saúde e da agroecologia e pelo reconhecimento das experiências desenvolvidas na Fundação, no SUS e em muitas outras organizações que atuam nessa interface temática. Além disso, a agenda é construída em diálogos permanentes com a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e a Associação Brasileira de Agroeocologia (ABA-Agroecologia).

Burigo também mostrou os eixos estruturante da agenda, proposta para o ciclo 2021-2024. O primeiro, Tecendo Redes, visa identificar e sistematizar as experiências já existentes, promover diálogos tendo em vista a articulação interna dos grupos de agroecologia da Fundação e buscar convergências, no sentido de desenvolver cooperação internacional e nacional. O segundo eixo, Saberes e Práticas, visa à educação, inovação, pesquisa e divulgação de conhecimentos científicos. Já o terceiro, Comunicação, tem por objetivo dar visibilidade, promover a integração e organizar a memória das diferentes iniciativas relacionadas ao tema.

O assessor da VPAAS traçou ainda um panorama sobre o reconhecimento internacional dessa agenda, destacando a transversalidade da agroecologia com o conjunto de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs). “Há uma série de estudos mostrando a relação da saúde com o sistema alimentar. Um conjunto de relatórios científicos apontam para a necessidade de transformar o sistema alimentar”, afirmou.

A pesquisadora da UFMG Daniela Adil apresentou as experiências do Grupo de Estudos em Agricultura Urbana (AUÊ), da UFMG, criado em 2013, para atuar no âmbito do ensino, pesquisa e extensão. O grupo é formado por professores, pesquisadores e alunos da pós-graduação de diferentes áreas do conhecimento e visa ao fortalecimento de uma agenda em saúde e agroecologia na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Adil também apresentou um histórico resumido das ações do AUÊ e mostrou os eixos estruturais do grupo que são: caracterização e mapeamento; observatório das agriculturas; planejamento territorial; educação em agroecologia e ações nos territórios. A pesquisadora finalizou a apresentação, mostrando as diferentes frentes de trabalho e iniciativas do grupo.

A pesquisadora Cristiana Brito, coordenadora do grupo de Divulgação Científica do IRR, destacou a importância de envolver as escolas nas discussões sobre o tema. Segundo ela, é preciso começar a pensar como fazer atuação nos territórios em que escolas são inseridas.

A pesquisadora Zélia Profeta ressaltou a necessidade de trazer movimentos sociais ligados à agroecologia para os debates na instituição. Ela destacou ainda a importância de contribuir e participar das conferências relacionadas a ciência e tecnologia, colocando o tema da agroecologia em pauta, bem como discutir propostas de políticas públicas com base no conhecimento que já se tem.

Encerrando as discussões, Hermano Castro lembrou que a formação de um sanitarista do novo mundo tem que estar envolvida nas questões de alimentação e na relação com a saúde. Ele também destacou a importância das feiras orgânicas, não apenas para vender produtos orgânicos, mas para fomentar as discussões. Ressaltou ainda a necessidade de concentrar em uma mesma plataforma as diversas iniciativas e pesquisas sobre mudanças climáticas, uma vez que impacta na produção de alimentos.

O diretor do IRR destacou a aproximação da unidade com a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde. “Temos a necessidade de aprofundar nisso, e a presença de vocês nos estimula. Este é um desafio novo para darmos respostas”, finalizou.