Marcílio da Silva Tomaz é natural de Sabará/MG, graduado em Engenharia de Agrimensura e trabalha no Instituto René Rachou desde 1993. Sua carreira começou pelo Biotério, onde permaneceu até o ano de 2010, quando foi transferido para o Laboratório de Entomologia Médica, local em que permanece até hoje, atuando como multiplicador de gestão da qualidade.
Com tantos anos de IRR, Marcílio tem muitas histórias para contar. Ele se recorda que ao ingressar na instituição as condições de trabalho eram precárias e até mesmo insalubres para quem atuava no Biotério. Os exaustores e a rede de ar condicionado precisavam ser acionados manualmente, todos os dias, de forma que ao chegarem para trabalhar os servidores se deparavam com um odor de amônia insuportável. A maravalha usada para acomodar os animais era recolhida em serralheria próxima ao IRR, as gaiolas dos animais eram pequenas e de PVC, lavadas manualmente, e até mesmo a ração fornecida para os bichos deixava a desejar
Esse cenário mudou radicalmente a partir de 1996, quando os funcionários do Biotério realizaram curso de aprimoramento na Fiocruz – Rio de Janeiro, no Centro de Criação de Animais de Laboratório. Ali eles tiveram contato com as melhores práticas de trabalho e de qualidade necessárias para o bom funcionamento de um Biotério. Daí em diante foram implantadas diversas melhorias no local, com aquisição de autoclave moderno e maravalha diretamente da fábrica. A estrutura física foi reformada e pôde contar com central de ar refrigerado e exaustores funcionando 24 horas. A qualidade do ar melhorou sensivelmente, fato que preocupava Marcílio, pelos possíveis impactos na saúde dos servidores.
O funcionário conta que apesar dessas dificuldades iniciais, a convivência com os colegas era boa, sem atritos. Ele recorda com carinho do pesquisador Álvaro Romanha, que na direção do IRR sempre foi uma pessoa transparente, tratando a todos de modo igualitário. Marcílio também destaca a atuação da servidora Ivanete Milagres, que ao introduzir a gestão de qualidade na Fiocruz Minas conseguiu mobilizar toda a comunidade em torno do projeto, desde dos estudantes até os pesquisadores.
Marcílio conta que ele trabalha desde os 15 anos de idade, e por isso vê o momento da aposentadoria com certo receio, já que precisará adaptar sua rotina para preencher o tempo de forma diferente. Mas ele não pretende postergar muito a aposentadoria, pois deseja usufruir dessa etapa da vida ainda com vigor físico.
Para Marcílio, trabalhar na Fiocruz é um orgulho, pois trata-se de instituição fundamental para a saúde da população brasileira, com excelente reputação. Em termos pessoais ele define seu trabalho no IRR como um exercício de Liberdade, pois sente que, mesmo dentro dos protocolos necessários, ele exerce suas funções com autonomia e consegue colaborar para o avanço da instituição.
Texto: Natascha Ostos
Entrevistadora: Cláudia Gersen
Apoio:
– Direção IRR
– Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade
Agradecimentos: Marcílio da Silva Tomaz, pela entrevista concedida no dia 17/10/2023.