Primeiro lançamento da Editora Fiocruz em 2021 faz um panorama do mosquito ‘Aedes aegypti’

CAPA FINAL_Livro Aedes de A a Z

Que particularidades tornam o mosquito Aedes tão presente em nossa rotina? O que há de novo em termos de estratégia e controle desse mosquito? A fim de responder e fazer refletir sobre essas e a outras perguntas relacionadas ao vetor, o livro Aedes de A a Z abre a temporada de lançamentos da Editora Fiocruz em 2021. A obra apresenta visões de quatro profissionais da Fundação Oswaldo Cruz com diferentes formações e enfoques complementares, além de amplo histórico de trabalho conjunto: Denise Valle, bióloga; Raquel Aguiar, jornalista; Denise Nacif Pimenta, antropóloga; e Vinicius Ferreira, jornalista e publicitário. Integrante da coleção Temas em Saúde da Editora Fiocruz, o livro estará disponível para aquisição a partir de 17 de março, nos formatos impresso – via Livraria Virtual da Editora – e digital, por meio da plataforma SciELO Books.

Mesmo em um cenário repleto de desafios causados pela pandemia de Covid-19, o livro nos lembra, logo na apresentação, que “o Brasil é reconhecido internacionalmente pela criatividade e assertividade com que busca estratégias para controlar epidemias”. Os autores ressaltam que, no caso de epidemias causadas por doenças transmitidas por vetores (como é o caso do mosquito Aedes), “o país tem tradição que remonta à constituição da medicina tropical, no início do século 19”.

Segundo eles, o livro oferece ao leitor “um meio do caminho entre um texto corrido e um glossário”, corroborando a expressão de A a Z presente no título. Ainda na apresentação, uma lista de siglas e termos técnicos relacionados ao Aedes é apresentada com o objetivo de facilitar a leitura e a consulta dos significados. Em seguida, cada um dos cinco capítulos se divide em tópicos – com títulos curtos e objetivos – com abordagens específicas sobre o Aedes. No primeiro, o volume apresenta um histórico das entradas, do controle e da erradicação do mosquito no Brasil, mostrando que o país já erradicou Aedes aegypti algumas vezes, e exibindo uma linha do tempo do vetor em terras brasileiras, do século 16 até a detecção do vírus zika, em 2015.

São abordados também alguns conceitos importantes relacionados ao Aedes, incluindo termos como arboviroses e sinantrópico, além das diferenças entre mosquitos. São destacados ainda os principais vírus causados por Aedes aegypti (dengue, zika, febre amarela e chikungunya) e também a dimensão do vetor na saúde pública do país, com destaque para o Sistema Único de Saúde (SUS) e as diferentes atribuições dos níveis federal, estadual e municipal.

Em seguida, no capítulo dois, os autores chamam atenção para o fato de o Aedes ser um inseto doméstico, que vive perto do homem e se beneficia das condições por ele criadas. Com infográfico exibindo o ciclo de vida com quatro fases do mosquito, o capítulo aborda também importantes informações biológicas sobre o Aedes aegypti, como controle de ovos, larvas, estágio de pupa, estágio adulto, alimentação e postura do mosquito, voo, capacidade vetorial e tempo de vida. Aspectos importantes que favorecem a reprodução do mosquito, como água limpa e criadouros, também entram na equação.

O terceiro capítulo, que tem como base a pergunta A culpa é do mosquito?, discorre sobre as condições sociais que geram os ambientes propícios para o desenvolvimento do mosquito e dos processos epidêmicos. “São abordadas de forma crítica questões sociais, políticas e culturais relacionadas às condições de saúde da nossa sociedade e a forma como o Aedes está inserido nesse contexto”, afirmam. A medicina tropical e a teoria dos mosquitos, as políticas de Aedes, responsabilidades, estratégias políticas, metáforas bélicas, intersetorialidade, o conceito de sindemia, além de ações de informação, comunicação, educação, sensibilização e mobilização, são algumas das questões propostas no capítulo.

As ações de vigilância e controle – que dependem, diretamente, da aplicação na prática da visão integradora e intersetorial sobre o vetor – dão o tom do quarto capítulo. Nele, são pontos de destaque as principais estratégias de vigilância (caracterizadas como iniciativas que procuram facilitar, agilizar e aumentar a eficiência das ações de controle do vetor) adotadas ou em desenvolvimento no Brasil, as situações em que a utilização de inseticidas é recomendada e a problemática da resistência.

Em relação à vigilância, estratégias como o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), as ovitrampas e o mapeamento de risco são abordados, além de temas como as armadilhas e a estratégia eco-bio-social. Especificamente em relação ao controle, recebem destaque as questões conceituais, como a confusão entre controle do vetor e controle químico, entre inseticida e “fumacê” e entre inseticida e repelente. Os conceitos sobre uso de inseticidas e seu impacto nas populações do vetor, assim como a disseminação de resistência, são apresentados, bem como estratégias alternativas de controle, incluindo as estações disseminadoras, os mosquitos transgênicos e o mosquito Aedes com a bactéria Wolbachia.

Por fim, no quinto e último capítulo, os quatro refletem sobre a importância da comunicação para o controle do vetor e a prevenção às arboviroses. Eles ressaltam que a dinâmica específica de Aedes aegypti faz com que a dimensão da comunicação, estratégica em qualquer assunto relacionado à saúde, ganhe ainda mais realce. Para isso, eles se debruçaram “sobre a construção de ações comunicativas pautadas em uma abordagem integrada, considerando o envolvimento de diversos profissionais, com múltiplas formações, capazes de desenvolver respostas mais precisas para esse problema de saúde pública de âmbito nacional, em si complexo e multifatorial”, afirmam.

Denise Valle, Raquel Aguiar, Denise Nacif Pimenta e Vinicius Ferreira apontam para uma visão de comunicação que supere a ideia simplista de um processo puramente informacional e transferencial. Eles colocam em foco o conceito mais fundamental do verbo comunicar: a ação de colocar em comum. E defendem, portanto, que as ações comunicativas envolvem todo um diálogo sobre o que comunicar, quais canais adotar e qual linguagem a ser utilizada, reforçando a complementaridade entre ações individuais e ações do Estado. “Incorporar essa dinâmica de responsabilidades compartilhadas no controle de Aedes exige encarar as características biológicas do mosquito, que vive, sobretudo, no ambiente dos domicílios humanos, ao mesmo tempo que destaca as determinações sociais dos agravos aos quais está relacionado”, enfatizam.

A influência do livro azul da dengue, publicação da Editora Fiocruz

Os autores ressaltam que a obra é resultado de diversas iniciativas e experiências partilhadas entre eles, a partir de trabalhos realizados de forma articulada e interdisciplinar. Um dos produtos mais significativos dessa colaboração foi o livro Dengue: teorias e práticas, publicação da Editora Fiocruz. Conhecida como o livro azul da dengue, a coletânea foi organizada por Denise Valle e Denise Nacif Pimenta (em conjunto com Rivaldo Venâncio da Cunha, atual coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz). O volume também conta com a contribuição de Raquel Aguiar, coautora do capítulo Prevenção da Dengue: práticas de comunicação e saúde.

Lançado em 2015, o volume tornou-se uma referência nos estudos sobre dengue no Brasil, colecionando indicações e menções especiais. No ano seguinte ao lançamento, o volume recebeu dois importantes reconhecimentos: conquistou o primeiro lugar na categoria Ciências da Vida do 2º Prêmio Abeu (concedido pela Associação Brasileira das Editoras Universitárias) e foi finalista na categoria Ciências da Saúde do Prêmio Jabuti, principal premiação literária do país.

A reação positiva causada pelo livro anterior foi fundamental para o lançamento de 2021: “[Dengue: teorias e práticas] representou um esforço de mais de quatro anos de consolidação e integrou diferentes formas de ver o tema, com a contribuição de profissionais considerados referências em suas áreas de atuação. […]. Foi com base nos comentários que recebemos dos leitores do livro azul da dengue que nos dedicamos a este novo produto, agora mais sintético, com linguagem adaptada para um público mais abrangente e foco específico no mosquito transmissor, Aedes aegypti”, explicam.  

Autores

Três dos quatro autores são vinculados ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). São eles a bióloga Denise Valle, doutora em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com pós-doutorado em Biologia do Desenvolvimento na Universidade Toulouse III (França); a jornalista Raquel Aguiar, doutora em Informação e Comunicação em Saúde pelo Icict/Fiocruz e coordenadora de jornalismo e comunicação do IOC/Fiocruz; o jornalista e publicitário Vinicius Ferreira, especialista em Divulgação e Popularização da Ciência pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e assessor de comunicação do IOC/Fiocruz. Pesquisadora do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), onde fez o doutorado em Ciências da Saúde, a antropóloga Denise Nacif Pimenta tem pós-doutorado em Informação e Comunicação em Saúde pelo Icict/Fiocruz.

Livro integra lista de propostas aprovadas em edital para Temas em Saúde

O livro é a terceira publicação oriunda de chamada pública da Editora Fiocruz para novos títulos da coleção Temas em Saúde. Em abril de 2019, foram lançados dois editais para encerrar o ciclo de comemorações dos 25 anos da Editora. A chamada para compor a coleção recebeu 122 propostas de publicação e Aedes de A a Z foi uma das aprovadas. Clique aqui para mais informações sobre o resultado do edital.

Coleção

Temas em Saúde apresenta para estudantes, profissionais e público em geral panoramas sobre conceitos e conteúdos fundamentais das áreas da saúde. Em linguagem acessível, a coleção – que já conta com quase 30 publicações – combina informação atualizada com reflexões baseadas em recentes produções científicas apresentadas por especialistas sintonizados com o contexto sociopolítico de produção e aplicação do conhecimento em saúde. Clique aqui para acessar o catálogo completo da coleção.

Livro Aedes de A a Z
Editora Fiocruz | Coleção Temas em Saúde
Primeira edição: 2021
172 páginas
Preço de capa (versão impressa):  R$ 15
Preço e-book (versão digital): R$ 9

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias (por Marcela Vieira\Editora Fiocruz)