Projeto “Vamo Junto?” ganha novos parceiros e amplia atuação

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Fortalecer a mobilização social para o enfrentamento da dengue, zika, chikungunya e Covid-19 é objetivo do projeto “Vamo Junto?”, desenvolvido, desde 2016, pelo grupo de pesquisa Saúde, Educação e Cidadania da Fiocruz Minas. O projeto se baseia na vigilância em saúde de base territorial e tem como um dos seus eixos a formação de comitês populares, que identificam fragilidades e potencialidades do território e, a partir daí, planejam ações de enfrentamento às doenças, num processo continuo de ação, reflexão e avaliação. Todo o trabalho tem como ferramenta uma plataforma digital, acompanhada por tutores.

A pesquisadora Zélia Profeta, líder do grupo, conta que, inicialmente, o projeto teve os comitês sediados em escolas públicas da rede estadual em diferentes municípios de Minas Gerais, mas, visando aumentar ainda mais a participação popular, o grupo de pesquisa tem pensado em estratégias para estimular outros atores sociais. “Nesta nova fase, o projeto está sendo implementado no município de Betim e, recentemente, passou a contar com a parceria dos moradores do Bairro Duque de Caxias, que formaram um comitê”, diz.

A pós-doutoranda Paloma Coelho, integrante da equipe de pesquisa, explica que Duque de Caxias é um bairro bastante vulnerabilizado, que enfrenta muitos problemas, como enchentes, inundações, e tem muitos terrenos baldios onde há descarte inadequado de resíduos. “Identificamos que há algumas lideranças informais que já atuam no bairro, de forma a buscar soluções para esses problemas locais. Apresentamos, então, o projeto para essas pessoas, que se interessaram em constituir um comitê”, conta.

O comitê do Bairro Duque de Caxias está em ação desde o início de 2022 e já colabora com uma importante iniciativa, que se baseia no cultivo do capim-vetiver, planta da família das gramíneas, originária da Índia, cujas características fazem dela um importante instrumento de recuperação ambiental. As raízes do capim-vetiver têm entre 3 e 6 metros, que crescem para os lados, formando teias, que ajudam na recuperação do solo empobrecido, a conter a água da chuva e a descontaminar a água. O capim-vetiver também serve para a geração de renda. O óleo da raiz pode ser empregado na fabricação de cosméticos, e as folhas podem ser usadas em artesanato, na produção de materiais de construção, como tijolos, e também para a fabricação de coberturas rústicas.

“Dois integrantes do comitê do Bairro Duque de Caxias conheceram o capim-vetiver e trouxeram a ideia de cultivá-lo, como forma de solucionar algumas questões do bairro. Vários estudos comprovam a eficácia da planta como sistema de bioengenharia. Então, a partir daí, nosso grupo começou a elaborar, junto com eles, um projeto de preservação ambiental e geração de renda, chamado Desenvolvimento de ações de preservação ambiental e geração de renda em Duque de Caxias, Betim”, explica Paloma.

Paralelamente, o comitê e o grupo Saúde, Educação e Cidadania buscaram outros interessados em participar da iniciativa e encontraram dois novos parceiros: a Escola Municipal Tito Flavius e a Comunidade Bom Pastor, da igreja católica. A escola cedeu áreas para o cultivo do capim, que já foi plantado e, agora, haverá um acompanhamento de um ano e meio. A aproximação com a escola tem permitido aprofundar a discussão sobre a preservação ambiental, geração de renda e o envolvimento de alunos de ensino médio num projeto de iniciação cientifica no tema.

“Enquanto aguardamos o crescimento do capim, serão realizadas oficinas para orientar sobre o manejo da planta como recurso de proteção ambiental e também em relação à produção de bens para comercialização e geração de renda. Também será discutida com a população a melhor estratégia para a comunidade gerir esse empreendimento. A ideia é criar uma cooperativa, para que todo o processo seja gerenciado pela própria comunidade. Além disso, durante esse um ano e meio, os alunos, orientados pelos professores da escola e com o nosso acompanhamento, vão desenvolver pesquisas relacionadas ao projeto e para avaliar a viabilidade do capim ser plantado em outras áreas da comunidade”, afirma a pós-doc.

Feira- Um primeiro evento já foi realizado. Trata-se da Feira de Ciências da Escola Tito Flavius, realizada no dia 14 de dezembro, em que os estudantes foram apresentados oficialmente ao projeto. A feira, que acontece anualmente na instituição de ensino, contou com a participação de pesquisadores da Fiocruz Minas, que expuseram as coleções biológicas da unidade. Houve ainda um Show de Ciência, em que o químico Sílvio Bento apresentou experimentos simples, que podem ser repetidos em casa e na escola. Já o grupo de pesquisa Educação, Saúde e Cidadania disponibilizou um espaço, em que puderam apresentar o projeto “Vamo Junto?”, bem como todas as fases que envolvem o programa de cultivo do capim-vetiver.

“Esta foi uma primeira ação para iniciarmos o debate.  Foi um evento muito importante para apresentarmos a Fiocruz, o “Vamo Junto?” e o projeto Desenvolvimento de ações de preservação ambiental e geração de renda em Duque de Caxias. As atividades foram realizadas em dois turnos, envolvendo estudantes do ensino médio e fundamental, que participaram com muito entusiasmo de todas as ações propostas”, afirma Paloma.