Nascida em Catalão, Goiás, Sueleny Teixeira começou a trabalhar no Instituto René Rachou com apenas 22 anos de idade. Ela chegou à instituição por indicação do funcionário Valdemar, que era amigo da famÃlia. Sua contratação se deu, inicialmente, pelo regime CLT, no ano de 1981.
O primeiro setor pelo qual passou foi o antigo Laboratório de Testes Biológicos, posteriormente absorvido pelo Moluscário, onde Sueleny permaneceu por 33 anos. Ela começou seu trabalho na designação de conservação e asseio, em seguida foi promovida para técnica. Seu entusiasmo pelo trabalho, e o desejo de aprender, levou-a a realizar o curso superior de Ciências Biológicas, pelo Instituto Metodista Izabela Hendrix. Essa jornada, de conciliar estudos e trabalho, foi muito difÃcil, exigindo perseverança e resiliência da servidora.
Em paralelo a esse desafio, Sueleny conta que, antigamente, a estrutura e as condições de trabalho no IRR eram precárias. Os espaços eram apertados, com pouca ventilação. O calor opressivo causava grande mal-estar fÃsico nos funcionários do Moluscário. Além disso, pela falta de pessoal, a servidora tinha que incorporar atividades de limpeza e carregar peso, pois os auxiliares eram poucos. A ergonomia no trabalho também era ruim, exigindo posturas e posições corporais que causavam dores nas costas. Sueleny conta que também foi contaminada pela esquistossomose mais de uma vez, tendo sofrido acidente de trabalho quando do derramamento de água contaminada. Segundo a servidora, atualmente a estrutura e condições de trabalho são incomparavelmente melhores. As novas instalações construÃdas permitiram um ambiente mais espaçoso, claro e saneado, com manutenções constantes.
Apesar de ter permanecido por muitas décadas no Moluscário, Sueleny decidiu pedir transferência do setor, devido a algumas situações de convivência. Hoje ela trabalha Laboratório de Esquistossomose. Apesar de desentendimentos pontuais, a funcionária diz que sempre prezou todos os colegas, a quem agradece, como: Ivanete Milagres, Omar Carvalho, Roberto Sena, José Pedro Pereira e sua esposa D. Ildia, Zélia Profeta, Alda Falcão, dentre outros. Foram vários os momentos marcantes que ela viveu no IRR, com destaque para as homenagens que recebeu, quando se sentiu reconhecida. Sua única reivindicação é pela valorização dos profissionais que possuem curso superior, pois mesmo sendo graduada, Sueleny conta que o esforço que fez para se aprimorar nunca foi reconhecido em termos salariais, o que ela considera uma falha do plano de carreira.
Mesmo assim, a servidora continua estudando, e hoje realiza cursos de aperfeiçoamento. Apesar de possuir 42 anos de IRR, e ter realizado o curso preparatório para aposentadoria, Sueleny não pensa em se aposentar. Ela afirma que sua história é também a história da Fiocruz Minas, e que sente paixão pelo trabalho, principalmente quando realiza viagens de campo e recebe estudantes para treinamento. Nesses momentos ela sente que seu conhecimento é apreciado e que ela faz a diferença na vida das pessoas.
Texto: Natascha Ostos
Entrevistadora: Cláudia Gersen
Apoio:
– Direção IRR
– Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade
Agradecimentos: Sueleny Silva Ferreira Teixeira, pela entrevista concedida no dia 25/09/2023.