Clari Lopes Gandra Martins

clari

Clari Lopes Gandra Martins. Foto: acervo particular.

Nascida em Tocantins, Zona da Mata/MG, Clari Lopes Gandra Martins mudou-se para Belo Horizonte na juventude. Iniciou sua carreira no Hospital Sarah Kubitschek, onde desempenhava diversas funções administrativas.

No ano de 1991, em razão de mudanças estatutárias, funcionários do Hospital foram realocados para outras instituições. Clari foi convidada a permanecer, mas preferiu a estabilidade do serviço público, sendo transferida para o Instituto René Rachou. Durante toda sua trajetória no IRR ela trabalhou como secretária do Laboratório de Imunologia Celular e Molecular. Inicialmente a adaptação foi difícil, pois Clari gostava do antigo local de trabalho e estranhou algumas práticas do IRR.

Um dos pontos mais complexos foi a necessidade de dominar a tecnologia, sendo nascida e criada no campo o uso do computador era uma experiência nova. Mas foi justamente na dificuldade que Clari encontrou solidariedade e ajuda dos colegas. Na pessoa do pesquisador Rodrigo Correia Oliveira, então chefe do Laboratório, ela pôde contar com alguém compreensivo e empático. Diversos colegas foram importantes para a gradual adaptação de Clari, que ela cita com gratidão e carinho: Andreia Teixeira, Maureen Rodarte, Ana Beatriz Ribeiro, Juliana Assis, Olindo Assis Martins Filho, dentre outros. Olindo, que na época era estudante, chegou a se encontrar com Clari nos fins de semana para treiná-la no uso do computador, guiando sua mão sobre o mouse do computador, para que ela aprendesse a encontrar o cursor na tela. Ela cita esse caso várias vezes como um episódio marcante, momento onde se sentiu acolhida e começou a diluir a própria resistência ao novo ambiente de trabalho. Ali ela encontrou um grupo de colegas que a aceitava do jeito que ela era, e ela também passou a aceitar os demais.

De temperamento alegre e exuberante, com tendências artísticas, a funcionária movimentava o IRR com suas iniciativas. No Laboratório, que segundo Clari tinha boa estrutura e não carecia de recursos, ela ajudava os estudantes a conseguir financiamento para congressos. Também promovia arrecadação de recursos e doações para pessoas necessitadas, contando com a colaboração de pesquisadores como Rodrigo Correia Oliveira e Ricardo Gazzinelli. Além disso, Clari participava do Grupo de Teatro existente na Fiocruz Minas, dirigido por Andreia Teixeira e que contava com ajuda financeira do professor Giovanni Gazzineli. Os espetáculos ocorriam no auditório, com sessões sempre lotadas. Em outras ocasiões, Clari vestia fantasias e percorria todos os setores distribuindo balas e recitando mensagens para aniversariantes.

Percebendo que se aproximava o momento da aposentadoria, a funcionária realizou, por duas vezes, o curso preparatório ofertado pelo IRR. Ela narra que contou com ajuda fundamental das colegas Eliane Moreira e Ana Beatriz Ribeiro, de modo que recebeu todas as orientações necessárias para a nova fase de sua vida. Como despedida, foi organizada uma festa para ela e outros funcionários, ocasião em que um grupo de colegas apresentou cantos que emocionaram a todos, dando origem, ali, ao Coral da Fiocruz Minas.

Clari, que se aposentou em 2017, conta que sempre teve o apoio e a confiança da chefia para realizar seu trabalho. Aprendeu muito, mas também transmitiu alegria, cor e arte ao cotidiano do IRR. Ela recorda a sabedoria de uma frase que lhe foi dita no momento de sua transferência para o IRR: “Pessoas que tem raízes dão fruto em qualquer lugar”.

 

 

 

 

Texto: Natascha Ostos

Entrevistadoras: Cláudia Gersen e Natascha Ostos

Apoio:

– Direção IRR

– Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade

Agradecimentos: Clari Lopes Gandra Martins, pela entrevista concedida no dia 11/04/2023.