Fiocruz e Prefeitura de Lassance reinauguram Memorial Carlos Chagas

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O município de Lassance, cidade em que o cientista Carlos Chagas descobriu a doença que leva o seu nome, reinaugurou, recentemente, o Memorial Carlos Chagas, espaço dedicado a contar a história do pesquisador e de sua descoberta. A reformulação, que durou cerca de um ano, é fruto de um convênio assinado, em fevereiro de 2018, entre a Fiocruz Minas e a Prefeitura de Lassance. A reinauguração faz parte das comemorações aos 110 anos da descoberta da doença de Chagas.

Criado em agosto de 2002 pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), o Memorial Carlos Chagas está instalado no prédio onde funcionava o antigo laboratório do cientista. Com a reformulação, parte do acervo que compunha a exposição original foi reaproveitado, sendo acrescentados novos elementos.

“Da exposição original, aproveitamos os conteúdos básicos. Adaptamos seus textos ao espaço definido pelo novo formato, que expandiu a área da mostra. Usamos ainda elementos como a estrada de ferro, que teve importante papel no trabalho de Chagas”, conta a pesquisadora Lisabel Klein, que esteve à frente deste projeto. Segundo ela, o lado lúdico também está presente nesta nova versão, por meio de figuras de pesquisadores em miniaturas, possibilitando a fotografia de crianças. Também foi colocada a imagem de Carlos Chagas, ladeada por poltrona, para que os visitantes possam fazer fotos.

“Temos ainda vitrines com peças de laboratório, mostras de barbeiros compostas por diferentes espécies e o ciclo evolutivo, material de borrifação de inseticidas, medicamentos para tratamento da doença, entre outros elementos”, afirma Lisabel.  Há ainda um grande painel que apresenta Lassance moderna e sua proposta de preservação do patrimônio histórico e cultural do município.

Outros dois ambientes compõem o Memorial: uma sala de jogos voltados para a educação no trânsito, sustentabilidade e meio ambiente; e outra dedicada a projeção em TV de vídeos sobre ciência e saúde. Em ambos os espaços, os móveis, como estantes, poltronas e pufs, foram confeccionados com garrafa pet.

Além de remontar a exposição, a Fiocruz forneceu assessoria técnica em relação ao projeto arquitetônico, por meio do trabalho do pesquisador Benedito Tadeu de Oliveira, do IRR. A Fiocruz também promoveu uma capacitação, voltada para professores da rede pública e agentes da prefeitura, visando destacar a importância da preservação do patrimônio da cidade, não somente no que se refere à cultura e à história como também ao meio ambiente. A capacitação foi ministrada por profissionais que participaram do projeto.

De acordo com Lisabel, a partir de agora, para que a população se aproprie do espaço e contribua para a sua preservação, é preciso dinamizar o local, implementando novos projetos. “Sugerimos um cinema ao ar livre, balanço feito com pneus e implementação de coleta seletiva”, comenta.

Para a pesquisadora, durante todo o processo de reformulação do memorial, a equipe responsável pelo projeto se pautou pela preservação da memória da cidade, da ciência brasileira e também pela busca por uma conscientização sobre a importância de preservar o meio ambiente, buscando formas mais sustentáveis e menos predatórias de vida.

Para a pesquisadora Lileia Diotaiuti, líder do Grupo de Triatomíneos e Epidemiologia da Doença de Chagas da Fiocruz Minas, o município de Lassance tem desenvolvido, ao longo dos anos, um trabalho de controle de barbeiros bastante eficiente. Segundo ela, o município teve interferências profundas na natureza, fazendo com que hoje os barbeiros sejam raros.

“É uma cidade que sofreu muito com o fato de ser o berço da doença de Chagas. Então, este Memorial representa o resgate do município diante de sua própria história. Minha expectativa é que seja um espaço de educação e referência que sirva de estímulo para o próprio controle da doença”, diz Lileia.