José Florêncio Finamora 

Juca

José Florêncio Finamora. Foto: Cláudia Gersen – Fiocruz Minas

José Florêncio Finamora, conhecido pelos colegas como Juca, nasceu em Divino, Minas Gerais. Ele ingressou no Instituto René Rachou por indicação de uma funcionária do IRR, impressionada pela sua simpatia e disposição para ajudar. Ele iniciou a carreira na instituição na função de porteiro, sob o regime da CLT, em 1986, sendo mais tarde incorporado como servidor público.

No exercício de suas funções, Juca cuidava da recepção e do atendimento do telefone geral. Mas, por iniciativa própria, começou a realizar algumas atividades de limpeza, e pelo seu destacado desempenho assumiu o cargo de zelador. Com o crescimento do Instituto, Juca passou a ser demandado para auxiliar em trabalhos de manutenção, de tal modo que acabou sendo transferido para esse setor. Tendo em vista a necessidade de se aprimorar na área, ele realizou curso preparatório no Serviço Social do Comércio (SESC), onde aprendeu noções básicas de bombeiro hidráulico, reparos prediais, etc.

Em razão da sua experiência em atividades de manutenção, Juca foi designado para a supervisão do serviço de limpeza, realizado por terceirizados. Mas ele também desempenhava outras tarefas, despachando correspondências nos correios e transportando folhas de pagamento para faturamento nos bancos. Em seguida, ele foi transferido para o setor de Almoxarifado. Juca recorda que inicialmente a estrutura do IRR era simples, o trabalho manual predominava, a papelada era datilografada e distribuída nas mesas. As licitações para contratação de serviços eram poucas, e as necessidades eram supridas à medida que surgiam. Somente se os funcionários não pudessem realizar a tarefa é que se contratava um profissional com maior expertise nas áreas de elétrica, bombeiro e pedreiro. A instituição possuía apenas alguns aparelhos de telefone, que ficavam estrategicamente posicionados nos corredores, de modo que, ao transferir as ligações, Juca realizava toques personalizados para identificação do setor a que se destinava a chamada.

Ele conta que na época em que começou a trabalhar no IRR, não tinha dimensão do que era a Fiocruz. Com o passar do tempo pôde usufruir de algumas oportunidades oferecidas pela instituição. Como no caso do curso supletivo que realizou, ministrado em horário de trabalho, possibilitando a conclusão do ensino médio. Mas antes disso Juca já era um apreciador das letras, gostava de ler poetas como Olavo Bilac e Casimiro de Abreu, e desde criança recitava e escrevia poesia. No ano de 2006, a Fiocruz publicou o livro Poetas de Manguinhos II, reunindo versos de autoria de funcionários da instituição. Juca participou da obra, contribuindo com 5 poemas. Em 2013 ele publicou seu próprio livro, reunindo suas poesias, na publicação Extratos do Coração.

Nos seus 33 anos de Fiocruz, Juca enfrentou alguns percalços, mas superou todos, seguindo o conselho de um amigo, “diretoria passa, René Rachou fica”. Juca era muito querido entre os colegas de trabalho, sendo reconhecido em todos os setores pelos quais passou. No ano de 2019 resolveu se aposentar, e para isso participou do Programa de Preparação para a Aposentadoria (PPA), ofertado no IRR. Juca conta que no Instituto ele encontrou a oportunidade para criar a família, crescer profissionalmente e melhorar sua vida material. Mais do que isso, no IRR ele conquistou muitas amizades e boas recordações, sintetizadas nos seus próprios versos:

 

“É bom deixar que permaneçam vivas

Em nossos peitos, lembranças tais

Que poderão alegrar os nossos corações.”

Poesia: Ho…je

Extratos do Coração, p. 88

 

 

 

Texto: Natascha Ostos e Cláudia Gersen

Apoio:

– Direção IRR

– Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade

Agradecimentos: José Florêncio Finamora, pela entrevista concedida no dia 14/02/2023.