Marília Nádia Coutinho Teixeira

Marilia

Marília Nádia Coutinho Teixeira. Foto: acervo particular

 

Nascida em Bambuí/MG, Marília Nádia Coutinho Teixeira, conhecida por todos como Nádia, formou-se em Farmácia-Bioquímica pela UFMG, em 1985. No ano de 1994 ela começou a trabalhar no Posto Avançado de Pesquisas Emmanuel Dias, pela Prefeitura do município, como Bioquímica.

Em 1996, Nádia passou em concurso público da Fiocruz, permanecendo no Posto, agora como funcionária do Instituto René Rachou. Naquele período existia um convênio entre a Fiocruz Minas e a Prefeitura de Bambuí, que desenvolviam projetos conjuntos, prestando assistência à população. Segundo a funcionária, o IRR fornecia aparelhos e material de consumo, e o Posto realizava exames de análises clínicas para os moradores do município.

Ao longo de sua trajetória, Nádia prestou apoio a projetos de pesquisa desenvolvidos no Instituto, como o Projeto Bambuí Saudável, que monitorou durante muito tempo a saúde dos idosos da cidade. A funcionária trabalhava na execução de exames laboratoriais dos pacientes, colaborando com trabalhos de pesquisadores da instituição, como Josélia Araújo, Maria Fernanda Costa e Henrique Guerra.

Nádia conta que no início de sua carreira no Posto a estrutura era acanhada e os funcionários se sentiam isolados da sede da Fiocruz Minas, em Belo Horizonte. O laboratório funcionava em uma sala pequena, mas reformas qualificaram o espaço, melhorando as condições de trabalho e a aumentando a quantidade de exames realizados. Entre 2000 e 2010 a atividade foi mais intensa. Chegaram aparelhos que agilizaram o processamento dos exames, e o laboratório chegou a atender 50 pessoas por dia.

Em razão de divergências com relação à destinação de terreno adjacente ao Posto, o convênio entre a Prefeitura de Bambuí e o IRR foi pausado durante alguns anos, sendo retomado em 2017. Porém, nesse momento, as atividades laboratoriais já não faziam parte do escopo de interesses dos projetos desenvolvidos pela Fiocruz, de modo que o Posto passou a abrigar outros serviços, como a Vigilância Sanitária e o SAMU.

Segundo Nádia, a sua convivência com os colegas era boa. Porém, ela vivenciou um período muito difícil entre 2005 e 2008, em razão de posições políticas divergentes no ambiente de trabalho, que dificultaram o convívio, levando-a a licenciar-se do serviço. Porém, essa fase foi superada com o diálogo franco e amistoso entre colegas.

Na avaliação da funcionária, a população de Bambuí expressava muita confiança nos serviços prestados pelo Posto. Habitantes levavam barbeiros para serem analisados e escolas da região visitavam o local para conhecer mais sobre a doença de Chagas. Nádia conta que se sentia muito gratificada com o trabalho, pois não se limitava a realizar exames. Ela conversava com os pacientes, se interessava pela saúde deles e por essa razão recebia carinho e gratidão de todos.

Justamente por considerar que seu trabalho era importante, Nádia conta que o momento da aposentadoria, no ano de 2021, foi triste. Em razão da Pandemia de Covid-19 ela precisou antecipar a decisão, pois integrava grupo de risco para a doença.

Segundo Nádia, quando na infância lhe perguntavam o que queria ser quando crescesse, ela respondia que queria ser cientista. Como constituiu família muito jovem, não conseguiu concretizar esse sonho. Mas seu trabalho no Posto foi uma forma de se aproximar da prática científica. Ali, sentiu-se estimulada a aprender cada vez mais, realizando mestrado em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental, em 2019, pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais/Bambuí. Apesar de sentir saudade do trabalho no Posto, Nádia se sente gratificada pelo aprendizado e pela possibilidade de servir a população de Bambuí.

 

 

 

Texto: Natascha Ostos

Entrevista: Cláudia Gersen

Apoio:

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– Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade

Agradecimentos: Marília Nádia Coutinho Teixeira, pela entrevista concedida no dia 12/05/2023.