Maureen Rodarte

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Foto: Acervo Fiocruz Minas, 2022.

O Instituto René Rachou (IRR) – Fiocruz Minas, cruzou a vida de Maureen Rodarte ainda na sua adolescência. Quando estudante, ela foi apresentada, na aula de ciências do colégio Estadual Central, a uma coleção de insetos pertencente ao Instituto. Fascinada pelo material, Maureen sequer imaginava que o IRR seria seu local de trabalho por muitas décadas.

Nascida na cidade de Formiga/MG, Maureen mudou-se com a família, ainda menina, para Belo Horizonte. Na capital concluiu o curso de Turismo pela então Faculdade de Turismo de Belo Horizonte, em 1978. Nessa época deparou-se com um anúncio de jornal informando que o Centro de Pesquisas René Rachou estava contratando funcionários. Maureen passou no processo seletivo e foi designada para trabalhar no Laboratório de Doença de Chagas, em 1978, como secretária do cientista Zigman Brener, líder do laboratório e que naquele período também era diretor do IRR.

Tendo em vista o ótimo desempenho da jovem funcionária, e a escassez de pessoal no Instituto, logo Maureen começou a assessorar outros laboratórios, como o de Malária e Esquistossomose, e até mesmo realizar algumas atividades ligadas à secretaria da direção. Seu trabalho incluía não apenas tarefas da rotina administrativa, mas também organização de eventos, auxílio na preparação de material para que cientistas apresentassem suas pesquisas em congressos nacionais e internacionais, além de auxiliar na prestação de contas de pesquisadores junto ao CNPq. A funcionária chegou até mesmo a ser responsável pelo abastecimento de botijões de nitrogênio líquido dos laboratórios, tarefa que demandava muito esforço físico; e receber, no aeroporto, animais e materiais biológicos importados. Já no fim da carreira, Maureen passou a trabalhar no setor de Recursos Humanos do IRR.

Ao descrever a estrutura física do Instituto, Maureen se recorda que no local existia um canil, para abrigar cães usados em pesquisa e, mais surpreendente, um pequeno jardim que contava com um viveiro habitado por alguns animais: uma seriema, um pássaro preto e um mico. Segundo Maureen, os bichos foram trazidos por equipes de pesquisa em viagem, e acabaram nesse local, compondo um cantinho aprazível do IRR. Anos depois o viveiro foi desfeito para dar lugar a outras edificações.

Pelas mãos de Maureen, e por iniciativa dos pesquisadores Zigman Brener e Amilcar Martins, foi elaborada uma publicação comemorativa dos 25 anos de existência da instituição, contendo toda a produção científica do Centro até 1980. Esse livreto é um registro precioso, usado nos dias de hoje como fonte documental para subsidiar pesquisas sobre a história do IRR.

Maureen se orgulha de ter contribuído para o crescimento institucional do IRR e por ter assessorado o trabalho de importantes cientistas, como Zigman Brener, Giovanni Gazzinelli e Antoniana Krettli. Ela recorda com emoção do momento em que Zigman Brener ganhou prêmio da Fiocruz pela sua carreira, e da aposentadoria do cientista Álvaro Romanha, relatando como esses eventos foram marcantes, pois representaram a plenitude de uma vida de trabalho e dedicação, não apenas dos pesquisadores, mas de todos os funcionários que compuseram suas equipes.

Maureen sempre considerou que seu trabalho no IRR foi reconhecido e apreciado. Por essa razão, o momento da sua aposentadoria, no ano de 2013, não lhe causou angústia, pelo contrário, para ela significou a realização de uma rica trajetória, dedicada ao apoio da ciência brasileira.

 

 

Texto: Natascha Ostos e Cláudia Gersen

Apoio:

– Direção IRR

– Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade

Agradecimentos: À Maureen Rodarte, pela entrevista concedida no dia 24/11/2022