Paulo Acácio Lamounier

Paulo Acacio

Paulo Acácio Lamounier. Foto do seu acervo particular.

 

 

Nascido em Bambuí, Paulo Acácio Lamounier teve a oportunidade de vivenciar intensamente as diversas realidades sociais da cidade. Com apenas 19 anos de idade ele começou a trabalhar no Posto Avançado de Pesquisas Emmanuel Dias, em 1986. Seu contrato inicial era de apenas 3 meses, mas diante de sua competência e da confiança dos chefes, permaneceu no Posto até a aposentadoria.

Paulo desempenhava várias tarefas como auxiliar de serviços de pesquisa, capturando espécimes de Biomphalaria glabrata (para estudos sobre a esquistossomose), de mosquitos (para detecção da leishmaniose) e na supervisão da criação de barbeiros. Em diversas ocasiões participou de trabalhos de campo, deslocando-se até zonas rurais de Bambuí a procura de barbeiros e usando inseticidas nos ambientes. Paulo narra que em uma dessas jornadas, entre os anos de 1989 e 1990, visitaram residência equipada com um grande forno desativado, onde se abrigavam galinhas e cachorros. Ali foram coletados mais de 200 barbeiros para o insetário do Posto. Além disso, na casa abundavam barbeiros debaixo das portas, nos colchões, etc. Todas as pessoas e os animais estavam infectados com o Trypanosoma cruzi.

Em razão dos serviços prestados pelo Posto aos habitantes da região, a instituição era referência entre os moradores. Segundo Paulo, alguns chamavam o local de “SUS de Bambuí”, cuja atuação era fortalecida pelas parcerias com a Prefeitura da cidade. Funcionários da municipalidade trabalhavam no Posto, que também abrigava laboratório para atendimento das cidades vizinhas, realizando exames de análise clínicas, ultrassom e eletrocardiograma. Quando não havia disponibilidade de outros médicos, o pesquisador e médico João Magalhães atendia quem não fosse paciente chagásico.

Tendo em vista a ampliação dos serviços prestados no Posto, Paulo buscou aprimoramento profissional, tendo realizado, em 2002, curso técnico em enfermagem. Ele recorda que na instituição se realizavam não apenas pesquisas relacionadas a Chagas, mas também sobre esquistossomose e leishmaniose, de modo que vários pesquisadores e alunos de mestrado e doutorado frequentavam o local para desenvolver suas investigações. Do ponto de vista da estrutura, o funcionário afirma que existiam boas condições de trabalho, mas que administrativamente se sentiam um pouco isolados do Instituto René Rachou e da Fiocruz em geral.

Em razão de sua atuação como funcionário do Posto, Paulo era referência na cidade, sendo conhecido como “Paulinho do Instituto”. Por sugestão do pesquisador João Carlos Pinto Dias, o servidor se candidatou a vereador de Bambuí e foi eleito.

Em 2021, Paulo se aposentou no Posto Avançado de Pesquisas Emmanuel Dias, como Técnico em Saúde Pública. Ele conta que sente falta do trabalho e da boa convivência com os colegas. Mas que as boas recordações e o sentido de realização profissional compensam qualquer saudade.

 

 

Texto: Natascha Ostos

Apoio:

– Direção IRR

– Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade

Agradecimentos: Paulo Acácio Lamounier, pela entrevista concedida à Cláudia Gersen no dia 13/04/2023.