Regina Maria de Oliveira Rezende

Regina

Regina Rezende. Foto: Acervo da Fiocruz Minas.

 

Regina Maria de Oliveira Rezende nasceu em Pará de Minas/MG. Formou-se em Letras, no ano de 1970, pela UFMG, mas não chegou a exercer a profissão. Ainda como estudante foi indicada por uma amiga para realizar teste de auxiliar administrativo no hoje Instituto René Rachou. Aprovada, começou a trabalhar na instituição em 1966, no Laboratório de Parasitoses Intestinais, liderado pelo pesquisador Geraldo Chaia, em projeto sobre estrongiloidíase. 

Contratada como colaboradora eventual, Regina efetuava trabalhos de secretariado. Alguns anos depois tornou-se servidora efetiva. Devido à carência de pessoal, sugeriu-se que a funcionária realizasse capacitação técnica para assumir novas responsabilidades. Assim, em meados da década de 1970, juntamente com a colega Rosa Brígido, Regina realizou, durante um ano, Curso de Parasitologia, ministrado como matéria isolada pela Faculdade de Medicina da UFMG.

O curso foi desafiante, pois, além da rigidez, tratava-se de área totalmente diferente da sua formação. Aprovada, Regina passou a exercer o cargo de técnica de laboratório, mas não deixou de desempenhar atividades de secretariado, tendo sido, inclusive, secretária da direção do IRR no mandato do pesquisador Marcello de Vasconcellos Coelho. Por indicação desse cientista, Regina foi transferida para a equipe do Laboratório de Leishmaniose, aí permanecendo até o fim de sua carreira.

A funcionária trabalhava sob a liderança de Alda Lima Falcão, sendo responsável por montar os flebótomos coletados em campo e compor as fichas de catalogação, além de outras tarefas. Ao longo de 44 anos de trabalho no IRR, Regina testemunhou muitas mudanças: a melhoria da estrutura física da instituição (que antes sofria até com inundações em época de chuvas), a passagem das fichas de catalogação manuscritas para arquivos de computador e o incremento gradual das medidas de biossegurança em laboratório.

Segundo Regina, a convivência com os colegas era muito amistosa, principalmente em razão da pesquisadora Alda Falcão agregar os colaboradores do laboratório como uma pequena família. Mesmo assim, Regina enfrentou desafios para conciliar a carreira com o cuidado dos filhos, dificuldade enfrentada por inúmeras mulheres trabalhadoras.

No ano de 1996, a funcionária decidiu pela aposentadoria. Porém, Alda Falcão pediu que ela permanecesse no trabalho, em meio expediente, com bolsa do CNPq. Regina, que contava com pouco mais de 50 anos de idade, aceitou o convite e trabalhou outros 14 anos no IRR, até o seu afastamento definitivo em 2010. De acordo com ela, essa transição foi difícil, pela mudança brusca na rotina, mas logo se adaptou e passou a desfrutar a nova fase da vida.

Regina considera que seu trabalho na Fiocruz Minas foi muito gratificante, principalmente por ter ajudado a compor uma das mais importantes coleções de flebotomíneos do mundo. Como homenagem a esse trabalho tão importante, no ano de 2010, Regina teve seu nome atribuído, pelo pesquisador José Dilermando, a um flebotomíneo encontrado em uma caverna no estado do Tocantins: Martinsmyia reginae. O nome do gênero, Martinsmyia, foi uma distinção concedida ao pesquisador Amilcar Martins, que por muitos anos trabalhou na referida Coleção.

A denominação desse flebotomíneo representa a integração, no IRR, do trabalho do cientista e da técnica de laboratório, reconhecendo que a ciência é um trabalho de equipe, cujo sucesso depende do empenho de pessoas como Regina Maria de Oliveira Rezende.

 

 

 

Texto: Natascha Ostos e Cláudia Gersen

 

Apoio:

РDire̤̣o do IRR

– Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade

 

Agradecimentos: À Regina Maria de Oliveira Rezende, pela entrevista concedida no dia 16/12/2022.