Unidades regionais da Fiocruz encerram com êxito disciplina compartilhada “Bioinformática Integrada”

A primeira disciplina compartilhada entre os programas de pós-graduações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já é uma realidade para alunos e professores do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (CPqGM/Fiocruz Bahia), Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz Minas), Instituto Oswaldo Cruz (IOC), no Rio de Janeiro, e Fiocruz Rondônia. A experiência pioneira foi concretizada com a disciplina “Bioinformática Integrada”, que abriu as portas para novos horizontes em termos de ensino e compartilhamento de saberes entre os experts de todas as unidades da instituição.

De acordo com a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC), Nísia Trindade, a palavra-chave que define a ação é “integração”. A agenda foi tomada como prioritária após a realização de uma reunião específica sobre a conexão das ações de ensino durante o Fórum das Unidades Regionais, realizado no ano passado, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

O encontro contribuiu de forma decisiva para viabilizar a proposta da oferta de disciplinas compartilhadas liderada pelos representantes da Fiocruz Bahia e Fiocruz Minas, Manoel Barral-Netto e Zélia Profeta, respectivamente. “No âmbito da coordenação das ações de ensino ela foi definida como diretriz para a qualidade e o fortalecimento institucional”, afirma Nísia Trindade.

Para a vice-presidente de ensino, “o uso de tecnologias de comunicação à distância, o compartilhamento de recursos educacionais e, sobretudo, o engajamento de gestores, docentes, estudantes e secretarias acadêmicas, estabelece um caminho fundamental para o futuro da ciência, tecnologia e inovação na Fiocruz”.

AVANÇOS NA EDUCAÇÃO – Manoel Barral-Netto chama a atenção para a viabilidade do novo formato de disciplina, aproveitando as melhores capacidades de cada uma das diferentes unidades da instituição e atingindo também um público disperso em diferentes regiões brasileiras. Para o diretor da Fiocruz Bahia, esse tipo de oferta permite maximizar a qualidade e a oferta em regiões e locais onde não seria viável montar um curso inteiro, ampliando a capacidade na formação de pessoas.

A diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta, também salienta que as disciplinas integradas e à distância são um avanço para a Fiocruz por permitir integração de unidades, programas de pós-graduação, professores e alunos de diferentes locais do país. “Acredito que, com o êxito que obtivemos com essa disciplina, solidifica-se cada vez mais o entendimento de que a Fiocruz é uma só”, diz.

Patrícia Veras, vice-diretora de ensino da Fiocruz Bahia, tem certeza de que a iniciativa abre portas para que, no futuro, os alunos possam acessar as aulas online, por meio de downloads dos vídeos. “Diversos aspectos podem ser explorados nas disciplinas compartilhadas. Você eleva o grau de conhecimento dos alunos, pois possibilita que venham a frequentar disciplinas ministradas apenas por especialistas na área específicas do conhecimento, sem precisar se deslocar de sua cidade. O céu é o limite”, enaltece.

DA TEORIA PARA A PRÁTICA – A concepção e coordenação da disciplina “Bioinformática Integrada” ficou sob a responsabilidade dos pesquisadores Luciano Kalabric, da Bahia, Jerônimo Ruiz e Daniela Resende, ambos de Minas Gerais. Importante ressaltar que ela não atendeu apenas estudantes de diferentes unidades da Fiocruz, como também abriu espaço para alunos oriundos de instituições parceiras.

As aulas, que iniciaram em quatrorze de setembro e encerraram em dois de outubro, tiveram como mediadores os professores Artur Queiroz, Daniela Resende, Douglas Valente, Ana Carolina Guimarães, Marcos Catanho, Frederico Guimarães, Jader Malaquias e Pablo Ramos.

Ao todo, oitenta pessoas se inscreveram para participar por meio do hotsite da Fiocruz Bahia e também por indicação dos instrutores da disciplina, sendo 52 selecionados. A carga horária total do curso foi de 60 horas, que pode ser aproveitada em qualquer curso de pós-graduação da instituição. As aulas foram expositivas, dialógicas e presenciais, com realização atividades práticas.

A plataforma de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), da Fiocruz Bahia, baseada no Moodle, norteou as aulas de videoconferência e web conferência, facilitando o acesso de alunos aos recursos do curso e recebendo críticas construtivas para o seu aprimoramento ao longo do processo.

De acordo com Luciano Kalabric, a interação entre orador/ouvinte, em tempo real, promovida pelo uso de videoconferência, possibilitou a utilização de técnicas pedagógicas adicionadas às tradicionalmente utilizadas no ensino a distância por computadores.

Ele comenta que, como foi a primeira vez que o modelo de aula foi testado, foi normal a ocorrência de alguns problemas técnicos. “Como solução, pensamos em realizar um híbrido ente videoconferência, como base, tendo como suporte a web conferência, o que foi a melhor tecnologia disponível para colocar em prática a ideia da disciplina compartilhada”, explica.

Satisfeito com os resultados e feedback dos alunos, Kalabric pensa no futuro das disciplinas compartilhadas entre as pós-graduações da Fiocruz. “Sabemos que o sistema permite gravar as aulas, o que nos leva a novas possibilidades”.

Com relação à importância da disciplina em si, Jerônimo Ruiz destaca os pontos positivos da biologia computacional. “Mais do que pipelines de análises e algoritmos específicos, a biologia computacional tem fornecido abordagens e procedimentos fundamentais quando se almeja o entendimento de um dos grandes desafios atuais da ciência: a integração da informação genômica visando a extração de conhecimento biológico”.

Através da iniciativa, o professor do Centro de Pesquisas René Rachou comemora a aproximação de grupos de pesquisa atuantes em áreas correlatas e com interesse no ensino e na difusão de conhecimento. Segundo ele, como consequência, a capacitação ofertada viabiliza a formação de recursos humanos em uma área estratégica, como a biologia computacional, que ainda carece de fortalecimento.

CONTINUIDADE – O diretor da Fiocruz Rondônia, Ricardo de Godoi Ferreira, acredita que o modelo é exitoso e precisa ser aperfeiçoado com todo o apoio da presidência da Fiocruz. “Esta nova forma de ensinar pode ser amplamente utilizada, tanto por disciplinas de grande público, quanto por disciplinas mais especializadas, com temas que, muitas vezes, os alunos mais afastados dos grandes centros de pesquisa não têm acesso”, conclui.

A experiência com a disciplina compartilhada “Bioinformática Integrada” gerou importante know-how para que novos cursos sejam oferecidos, como a matéria “Bioética e Ética em Pesquisa”, sob coordenação do Programa de Bioética e Ética em Pesquisa (ENSP/Fiocruz). No dia 21 de outubro de 2015, será realizada uma reunião da subcâmara de pós-graduação com o objetivo de realizar um balanço das experiências e propor novas ações e respostas ao importante desafio da integração e compartilhamento nos processos formativos. Ainda está previsto, para o mês de dezembro, o lançamento do Edital de Mobilidade no Ensino de Pós-Graduação.

 

 

Seguem abaixo alguns trechos da avaliação dos estudantes que participaram da disciplina:

 

“Foram estas três semanas do mês de setembro intensamente produtivas, nas quais coordenadores e professores das unidades não mediram esforços para passarem seus conhecimentos aos alunos (regulares ou não) de diversos estados do país, com estudos profundos teóricos e práticos, do básico ao avançado, de métodos, técnicas e programas utilizados por bioinformatas no Brasil e no mundo”.(JOSSAN BORBA | FIOCRUZ BAHIA)

“Este foi o primeiro curso de bioinformática que participei e hoje sinto-me mais preparada para entender as análises in silico de sequências biológicas. Se este curso for oferecido novamente no próximo ano, estarei presente mais uma vez”. (ANDRELISSE ARRUDA – FIOCRUZ RONDÔNIA)

“A segurança dos professores em entregar a mensagem e a união das aulas teóricas com as práticas fizeram desta disciplina um curso completo”.(ARTUR FILIPE CANCIO RAMOS DOS SANTOS | INSTITUTO DE BIOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)

“O curso foi muito produtivo, o fato de possibilitar que os alunos pudessem participar de uma forma web possibilitou os diversos tipos de acesso, sendo uma ação inovadora e muito útil quanto se trata do conteúdo de bioinformática”. (ELVIRA CYNTHIA|FIOCRUZ RONDÔNIA/IOC MESTRADO)

“A ideia de realizar uma disciplina de bioinformática de forma compartilhada é fantástica. Acho que é possível conseguir aliar eficiência com comodidade com esse formato”.(FABIO RIBEIRO | FIOCRUZ MINAS).

“O curso de Bioinformática oferecido pela Fiocruz foi excelente. Tivemos alguns problemas técnicos ao longo do curso, mas que de maneira alguma prejudicaram o conteúdo e aprendizado dos alunos.(JORGE GOMES | FIOCRUZ MINAS)

Fonte:

Ascom | Fiocruz Bahia