Discutir os impactos da falta de acesso à água e ao saneamento na vida da população foi o objetivo do 1º Seminário de Direitos Humanos e Políticas Públicas em Saúde e Saneamento, realizado na Fiocruz Minas, no dia 20 de junho. O evento reuniu pesquisadores, estudantes e ainda públicos afetados pela falta de acesso a esses serviços, possibilitando um debate a partir de diferentes perspectivas.
“Nossa ideia foi trazer para as discussões não somente o público acadêmico, mas também a comunidade, especialmente os públicos que vivenciam o problema. É uma forma de reconhecer que essas pessoas têm um saber e podem contribuir bastante para ampliar nossa compreensão sobre o que elas vivem”, afirma a pós-doutoranda Priscila Neves Silva, do grupo de Políticas Públicas e Direitos Humanos em Saúde e Saneamento, que esteve na organização do evento.
Um dos palestrantes convidados foi Jesus Rosário Araújo, quilombola da comunidade de Indaiá, no município de Antônio Dias, e diretor da Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais (N’Golo). Araújo falou sobre como a falta de acesso à água afeta a vida da comunidade e de que forma eles lidam com a situação.
A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do IRR Natalia Onuzik, que desenvolve um estudo no município de Ouro Preto, onde ocorre um processo de privatização dos serviços de abastecimento, falou sobre a situação da população. Natalia contou que a privatização já está gerando impactos em vários aspectos, como por exemplo, na qualidade da água e no preço da conta, agora mais alto.
A doutoranda Paula Rafaela Silva Fonseca, da Universidade Federal de Minas Gerais, abordou o acesso à água e ao banheiro por parte das mulheres em situação de privação de liberdade. A doutoranda explicou como se dá o acesso e como essa condição impacta na vida das mulheres que estão privadas de liberdade.
“Com todas essas discussões, procuramos desmitificar a ideia de que o acesso à água e ao saneamento é importante apenas para evitar doenças infecto-parasitárias. Nosso intuito foi mostrar que a falta de acesso a esses serviços vai impactar em outros âmbitos da vida, como no trabalho e na escola”, afirma Priscila.
O grupo de Políticas Públicas e Direitos Humanos em Saúde e Saneamento pretende realizar dois seminários com esse formato anualmente, contemplando as duas principais linhas de pesquisa do grupo. Nesse sentido, o próximo terá como tema central a saúde mental. A previsão é que ocorra no mês de novembro.