A volta das atividades presenciais marcou a 19ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Em Belo Horizonte, um evento promovido pela Fiocruz Minas em parceria com outras instituições, nos dias 19 e 20 de outubro, recebeu centenas de visitantes, sendo a maioria alunos da rede pública de ensino. Por meio de uma programação que contou com diversas atrações, os estudantes puderam conhecer os temas de pesquisa da Fiocruz e se aproximar um pouco mais do universo científico.
“Preparamos o evento com todo cuidado, para comemorar esse retorno ao presencial. E foi maravilhoso ver os olhos dos alunos brilhando diante de cada novidade, vê-los participar das atividades e ver a interação acontecendo de verdade. É, sem dúvida, muito gratificante”, destacou a pesquisadora Cristiana Brito, coordenadora do evento.
Instituições de ensino de Belo Horizonte, Betim, Contagem, Ouro Branco, Ouro Preto, Ribeirão das Neves, Sabará e Sete Lagoas estiveram presentes. Ao todo, foram doze turmas, provenientes de nove escolas. “Por se tratar de um número grande de participantes, fizemos uma escala, definindo horários e roteiro de visitação, para possibilitar que os visitantes usufruíssem de todas as atividades propostas”, afirmou Stephanie dos Santos Cabral, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, que atuou na organização do evento. Segundo Stephanie, além das escolas, o evento contou com a presença de usuários da Associação de Pais e Amigos do Centro de Reabilitação (Aspac), que oferece atendimento clínico e social a crianças com deficiência e atrasos no desenvolvimento.
O tema da SNCT 2022 foi Bicentenário da Independência: 200 anos de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil. Assim, uma das atividades oferecidas foi uma exposição que apresentou os marcos científicos ao longo dos 200 anos após a independência, relacionados às temáticas estudadas na Fiocruz Minas, como malária, doença de Chagas, leishmanioses, arboviroses, entre outros. Houve ainda exposições científicas sobre campanhas de vacinação, astronomia, geografia e história, Olimpíada Nacional de Saúde e Meio Ambiente, além do Projeto Wolbachia, que é voltado para o controle das arboviroses. A programação contou também com oficinas, experimentos de biologia, química e física e muitos jogos.
“Fizemos uma Linha do Tempo, mostrando os acontecimentos científicos mais importantes desses 200 anos. Além disso, procuramos organizar as exposições e as atividades de forma a oferecer uma boa experiência ao visitante. Houve, ainda, uma preocupação de apresentar as informações visando facilitar a elaboração de sentido e a construção do conhecimento crítico das crianças”, explicou Carolina Cunha Monteiro, do Grupo de Estudos em Leishmanioses, também da equipe de organização.
O esforço para proporcionar uma experiência agradável aos visitantes não passou batido para o público. Para Maria Clara Zócoli, professora da Escola Municipal Aurélio Pires, a divisão dos espaços e a forma de apresentação dos temas foram destaques. “A gente percebe que foi tudo muito planejado. Além disso, as apresentações estão muito consistentes e didáticas”, avaliou.
Para Ana Clara Oliveira, aluna do ensino médio da Escola Estadual Pedro II, as explicações sobre os temas de estudo da Fiocruz tornaram o aprendizado mais interessante. “Foi tudo passado de forma clara e deu para absorver bastante conhecimento”, afirmou.
Julia Isabelle Silva Lopes, do Instituto Federal de Ouro Branco, aprovou os jogos e as oficinas. “É bem diferente. Uma forma de adquirir conhecimentos de forma lúdica. E ainda teve os brindes; eu ganhei um livro” contou.
Yasmin Guedes, da Escola Municipal Aurélio Pires, revelou que pretende seguir carreira científica. “Fizemos um trabalho recentemente sobre mulheres cientistas e fiquei bem interessada”, comentou.
Além das instituições agendadas, o evento também contou com a presença de pessoas que souberam da programação e ficaram interessadas. Adriana Aparecida Rodrigues levou as filhas Jamile, de 10 anos, e Mirela, de 4. Ela atua na área ambiental e acompanha o trabalho da Fiocruz há mais de 15 anos.
“Ao ver a programação, logo vi que seria maravilhoso. Então, trouxe as meninas porque conhecimento a gente não dispensa. Estamos gostando muito de todas as atividades. Outra coisa que me chamou a atenção foi o acolhimento que tivemos. Assim que entramos, já vieram nos receber e falar sobre as atividades. Isso faz a gente se sentir à vontade. E, quando a gente se sente à vontade, dá mais liberdade para perguntar, aprender e absorver conhecimentos”, disse.
Com a finalização das atividades, Carolina e Stephanie, representando as pessoas que participaram da organização e contribuíram para a realização do evento, ressaltaram a sensação de missão cumprida. “Mesmo não sendo essa a nossa função no dia-a-dia, conseguir transmitir o que a gente discute na instituição para todas essas pessoas é muito bom. É melhor que o resultado do experimento no laboratório. Dá vontade de expandir o evento, para que cada vez mais crianças e jovens possam ter a oportunidade de visitar e ter acesso ao que é feito na Fiocruz” destaca Carolina.
Para Stephanie, neste período de tantos retrocessos, é gratificante ver crianças acreditando, vendo a magia da ciência. “Neste momento de tanta negação e perdas, é muito importante um evento como este, pois são essas crianças e adolescentes que vão dar continuidade a tudo isso. Que a gente possa fazer cada vez melhor”, ressaltou.