Interação e aprendizado marcam a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz Minas

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A 20ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), na Fiocruz Minas, foi marcada pela interatividade. Durante dois dias de evento, cerca de 900 alunos de escolas públicas de Belo Horizonte, Betim, Santa Luzia e Sete Lagoas visitaram os estandes e participaram ativamente das atividades. Oficinas, jogos, exposições, apresentações teatrais foram algumas das atrações que movimentaram a semana e mostraram que aprender sobre ciência pode ser divertido.

“Nossa principal proposta para este ano foi oferecer atividades das quais os visitantes pudessem participar. Para isso, trouxemos muitos voluntários para ajudar na organização e possibilitar que cada um dos estandes recebesse pequenos grupos de estudantes por vez. Isso permitiu que os visitantes circulassem por todas as atrações oferecidas e pudessem usufruir de cada uma das atividades propostas”, explicou a pesquisadora da Fiocruz Minas Cristiana Brito, coordenadora do evento e secretária regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em Minas Gerais (SBPC-MG).

Entre as atividades propostas, estava um estande expondo os transmissores da doença de Chagas e, logo ao lado, um escape room, cenário imersivo idealizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que, por meio de desafios propostos aos participantes, apresentavam informações detalhadas sobre a doença. Para os alunos Marco Antônio Oliveira Lopes e Carolina Souza Dias, da Escola Tito Flávius Lima Andrade, de Betim, foi uma oportunidade para adquirir novos conhecimentos.

“Eu nem sabia que existia essa doença e pude aprender hoje. Foi muito legal”, contou Marco Antônio. “Eu também não conhecia e achei muito divertida essa atividade que ensina sobre a doença”, disse Carolina.

Outra atração que fez sucesso foram os experimentos de química, física e biologia, realizados juntamente com os alunos, em tempo real. Para a estudante Daniele Safira, da Escola Estadual Professor Caetano Azeredo, de Belo Horizonte, foi uma experiência nova. “Achei muito legal a gente poder fazer junto. Foi uma experiência diferente. Estou gostando muito das atividades, tudo o que visitei até agora foi interessante”, avaliou.

Movimentado também ficou o estande da oficina “Explorando Sentidos”, que proporcionou aos participantes a experiência de explorar a sensação dos sentidos, por meio da privação de alguns deles.  Crianças, adolescentes e até mesmo os adultos se divertiram ao explorar o tato de olhos vendados, tentando adivinhar em que estavam tocando, e, ainda com vendas nos olhos, explorar o olfato, buscando identificar cheiros. Já a visão pode ser experienciada por meio de exercícios de ilusão de ótica.

Os estandes com exposições sobre malária, leishmanioses, esquistossomose, dengue, zika, Chikungunya, também fizeram sucesso. Maquetes e microscópios possibilitaram aos participantes ver em detalhes o que estava sendo explicado, enquanto os jogos permitiram testar conhecimentos. Ao finalizar um desses jogos, o aluno Luiz Guilherme Barbosa Gomes, da Escola Estadual Maestro Villa Lobos, de Belo Horizonte, deixou sua opinião. “Muito legal, estou gostando muito”, comentou.

Parcerias- A 20ª edição da SNCT também foi marcada pelas parcerias. Uma delas, realizada com a Faculdade de Ciências Médicas de Belo Horizonte, possibilitou a realização de uma atividade para ensinar primeiros socorros aos jovens visitantes. Matheus Henrique, de 13 anos, aluno da Escola Estadual Caetano Azeredo, logo se prontificou a colocar em prática as orientações recebidas pelos universitários da Ciências Médicas. “Gostei muito de participar e aprender. Se algum dia precisar, vou saber o que fazer”, disse.

Outra parceria bem-sucedida, que já acontece há vários anos, é a firmada com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), que traz para a SNCT sua exposição de animais peçonhentos. As alunas Cecília Graldino, Sarah da Silva e Bruna Salina, da Escola Municipal Aurélio Pires, de Belo Horizonte, ficaram impressionadas. “Até agora, uma das mais atrações mais interessantes foi essa exposição das cobras e das aranhas. Deu pra aprender muitas coisas”, comentaram.

Para os professores que levaram os alunos, a participação na SNCT é um complemento ao que é ensinado em sala de aula. “Aqui, eles veem na prática a teoria que a gente passa em sala. Ontem mesmo, eu estava explicando sobre a doença de Chagas e, hoje, eles podem entender melhor, visualizando o que foi dito. Ou seja, aqui é a contextualização do que ensinamos. E, neste ano, achei ainda mais interessante porque todos os estandes são bem interativos, de forma que os alunos podem participar de tudo. Gostei demais”, afirmou a professora Nora Léa de Campos Clemente, da Escola Estadual Caetano Azeredo.

Pela primeira vez na SNCT, a professora Taís Nunes da Silva, da Escola Estadual Doutor Arthur Bernardes, de Sete Lagoas, fez questão de passar o feedback recebido dos estudantes. “Meus alunos disseram que foi o melhor passeio que já fizeram com a escola. Gostamos muito da recepção, do acolhimento e de toda a estrutura do evento”, comentou.

O professor Gilberto —, da Escola Estadual Reny de Souza Lima, de Santa Luzia, destacou que participação na SNCT é muito importante para os estudantes da periferia. “Quero agradecer pela oportunidade. Para os nossos alunos da periferia esse tipo de experiência faz uma grande diferença”, ressaltou.

A gratidão pela participação no evento não é apenas do público visitante, mas também de quem promoveu alguma atividade. Para a técnica em agroecologia Katia Maria de Oliveira Pires, da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo (Acamares), foi uma experiência incrível. “Trouxemos nossas três frentes de trabalho: a reciclagem popular, que mostra o trabalho dos catadores; a costura criativa, com produtos recuperados; e a agroecologia, que mostra sobre como é plantar e ter comida de verdade. Para nós, é uma alegria poder falar com esse público, composto por crianças e jovens.  É uma sementinha que estamos plantando e vamos colher lá na frente”, disse.

Também felizes com a experiência foram as gêmeas Sarah Lívia e Sofia Lara, da Escola Estadual Aurélio Pires. Há dois anos, as estudantes participam do projeto Elas na Ciência, promovido pela Fiocruz Minas, com o objetivo de estimular o envolvimento de meninas na atividade científica. Durante a SNCT, Sarah e Sofia, que têm apenas 10 anos de idade, puderam vivenciar a experiência de serem expositoras, mas sem perder a oportunidade de usufruir do evento.

“Está sendo muito bom falar sobre o nosso projeto, que incentiva meninas e mulheres a fazerem ciência. E é muito legal estar aqui, pois tem muitas coisas pra conhecer e também se divertir”, ressaltou Sarah.

A estudante de fisioterapia Alexia Rangel, da Faculdade de Sete Lagoas, que atuou como monitora, disse que foi uma oportunidade de contribuir para a SNCT e também de aprender. “Como monitora, foi uma experiência bastante interessante, pois pude ver o entusiasmo dos visitantes, testemunhar a curiosidade deles. E eu mesma aprendi várias coisas que não sabia, sobre dengue e primeiros socorros, por exemplo. Foi um evento de muito aprendizado”, afirmou.