Jornada e Raic marcam as comemorações dos 20 anos da pós-graduação do IRR

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Estudantes, pesquisadores e outros trabalhadores da Fiocruz Minas participam, nesta semana, da Jornada Científica e da 31ª Reunião Anual de Iniciação Científica (Raic), que acontece entre os dias 29 de maio e 2 de junho. Os eventos, realizados simultaneamente, marcam as comemorações dos 20 anos do primeiro programa de pós-graduação da unidade, o Ciências da Saúde. No decorrer desses dias, alunos da instituição apresentam projetos de pesquisa em que estão envolvidos. Ao todo, serão 213 apresentações, sendo 148 orais e 65 pôsteres, além de atividades, como palestras temáticas, lançamento de livro, premiação dos melhores trabalhos, entre outras atrações. Durante a abertura oficial do evento, promovida nessa quarta-feira (31), o diretor da unidade, Roberto Sena Rocha, falou sobre a satisfação de fazer parte deste momento.

“É um prazer imenso estar aqui hoje, especialmente porque, 20 anos atrás, eu estava na aula inaugural da nossa primeira turma, juntamente com Sérgio Arouca e Virginia Schall. Na época em que estávamos para criar o Programa em Ciências da Saúde, houve muitas discussões se valia a pena ou não criar o nosso próprio programa e, hoje, vejo que tomamos uma decisão acertada. Então, quero agradecer a todas as pessoas que contribuíram ao longo desses 20 anos, a cada um que está aqui hoje e também à Rita, nossa vice-diretora de ensino, que organizou esse evento, que está permitindo esse nosso encontro”, afirmou.

Em seu pronunciamento, a vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação, Rita de Cassia Moreira de Souza, que iniciou sua trajetória profissional como estudante de Iniciação Científica do IRR no ano 2000, compartilhou um pouco de sua história na instituição, destacando que esta foi uma experiência decisiva nas escolhas futuras e que é preciso ter muita coragem para enfrentar os desafios impostos quando se opta por seguir a carreira acadêmica.

“No mundo moderno, nenhum país sobrevive sem o saber, a ciência e a tecnologia. Sem dúvida, estes representam a principal riqueza de uma nação. Apesar disso, constantemente precisamos pleitear a preservação de recursos e lutar por melhores condições de trabalho e valorização da nossa profissão. Não podemos pactuar com a migração de talentos e a fuga de cérebros. Precisamos de políticas sólidas voltadas à atração e retenção de inteligências das quais não podemos prescindir”, ressaltou.

A vice-diretora de Ensino também destacou que a jornada e a Raic proporcionam aos estudantes a oportunidade de expor e discutir trabalhos, mas, este ano, é também um evento para celebrar o aniversário e fazer um reconhecimento às pessoas que fizeram a pós-graduação. “O sucesso das atividades de ensino e da pós-graduação na Fiocruz Minas é de todos e todas que trabalham e trabalharam para chegarmos aos 20 anos com muita maturidade, reconhecendo as conquistas, mas também as dificuldades e, a partir disso, buscando continuamente a excelência de nossos programas. É isso o que nos move para que continuemos a oferecer à sociedade a pós-graduação, a ciência e a inovação tecnológica que ela merece”, salientou.

A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Nágila Francinete Costa Secundino, lembrou que, desde sua primeira avaliação, o programa já recebeu a nota 5 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), mostrando a excelência do corpo docente. “Somos muito bons e estamos em constante mudança, tentando melhorar a cada dia. Quero parabenizar os coordenadores de Iniciação Científica, que é onde tudo começa”, disse.

A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Paula Dias Bevilacqua, ressaltou que, neste momento de comemoração, é importante fazer uma reflexão crítica para que se possa continuar trilhando o caminho de sucesso. Paula falou um pouco sobre a história do programa, que começou como uma área de concentração do Ciências da Saúde, e fez um resumo do contexto atual. Ela também apresentou um perfil dos estudantes do programa e ressaltou a necessidade de avançar em políticas públicas que contribuam para promover a diversidade.

“Atualmente, temos 72 estudantes, sendo 33 no mestrado e 30 no doutorado. Desse total, 80% são mulheres, e a faixa etária nos mostra que não são recém-formadas. Isso indica que não estamos lidando com qualquer discente, mas são pessoas que estão envolvidas com outras tarefas, seja com os cuidados com filhos, com pais. Esse perfil dos nossos estudantes deve direcionar nossas políticas”, afirmou.

A coordenadora destacou que, se a presença de mais mulheres indica um avanço na questão do gênero, no que se refere a cotas, os números mostram que ainda há muito a melhorar. “Atualmente, temos seis estudantes no mestrado que entraram por meio de cotas raciais e apenas um no doutorado. Na cota de pessoas com deficiência, temos apenas um estudante no mestrado. Isso mostra a necessidade de reforçar nossas políticas para atrair a população negra, a população trans… As pessoas que vivenciam o racismo, a homofobia, o capacitismo, a misoginia precisam participar da produção do conhecimento”, afirmou.

A pesquisadora do Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento (Nespe) Maria Fernanda Furtado de Lima Costa, que, juntamente com a pesquisadora Virgínia Schall, coordenou o primeiro programa de pós-graduação, falou sobre a origem da área de saúde coletiva no Brasil.

“É um processo que começa na década de 1970 e vai até os anos de 1990, com a criação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em 1979, e do Sistema Único de Saúde, em 1988. A Abrasco desde o início já enfatizava a necessidade de formação de recursos humanos para a área de saúde coletiva, por meio da criação de cursos de mestrado e doutorado”, disse. Ainda segundo a pesquisadora, outros marcos desse processo foram a instituição da Comissão de Epidemiologia da Abrasco, a realização do Congresso Brasileiro de Epidemiologia da Abrasco, em 1992, as chamadas da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), culminando com a criação da área de Saúde Coletiva pela Capes.

Ainda conforme a pesquisadora, na Fiocruz Minas, um estudo de coorte, realizado com a população idosa de Bambuí, iniciado na década de 1990, guarda relação com o começo da área de saúde coletiva na unidade. Atualmente, o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) e o Saúde Brumadinho: estudo longitudinal sobre as condições relacionadas à saúde da população são alguns dos projetos que dão continuidade e fortalecem a área de saúde coletiva na instituição.

Encerrando a mesa de abertura, o Coral FioCantos de Minas entoou as canções Trem da Onze, de Adoniran Barbosa, e Janela Lateral, de Lô Borges e Milton Nascimento. Em seguida, em reconhecimento ao trabalho das pessoas que ajudaram a construir a pós-graduação do IRR, houve uma entrega de placas a ex-coordenadores e a profissionais das secretarias de ensino. Os agraciados foram: Maria Fernanda Furtado de Lima Costa, Bruna Schall (in memoriam de Virgínia Schall), Paulo Zech Coelho, Cristiana Ferreira Alves de Brito, Paulo Filemon Paolucci Pimenta, Josélia Oliveria Araújo Firmo, Edelberto Santos Dias, Marco Antônio Silva Campos, Sérgio William Viana Peixoto, Luzia Helena Carvalho, Cristina Toscano Fonseca, Andréa Teixeira de Carvalho, Roberta Lima Caldeira, Paula Dias Bevilacqua, Leo Heller, Nagila Francinete Costa Secundino, Edward José de Oliveira, Juliana Vaz de Melo Mambrini, Patrícia da Conceição Parreiras, Andréa Dias da Silva, Cristiane Pinheiro Gomes de Lima.