Pesquisadores da Fiocruz Minas lançam livros na unidade

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O estilo acadêmico presente em textos produzidos por cientistas cedeu espaço para uma escrita em que se predominam as reflexões dos autores. Essa é uma característica comum a dois livros lançados nessa segunda-feira (12/12), na Fiocruz Minas. Uma das publicações – Os Direitos Humanos à Água e ao Saneamento– é fruto de seis anos de trabalho do pesquisador Léo Heller, período em que atuou como relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre direitos humanos à água e ao saneamento. O outro – Relâmpagos e Tempestades: crônicas de anos muitos perigosos– reúne textos em que o pesquisador Rômulo Paes reflete sobre a recente história da democracia brasileira e a respeito da pandemia de Covid-19. Durante o lançamento das obras, o diretor do IRR, Roberto Sena Rocha, destacou a satisfação de participar deste momento.

“É motivo de muita alegria poder estar aqui hoje para o lançamento de duas importantes obras, de autoria de dois importantes pesquisadores desta casa. Quero agradecer a oportunidade de fazer essa abertura e espero que possamos ter mais momentos como este, com outras publicações sendo lançadas”, afirmou.

Em seu pronunciamento, o pesquisador Léo Heller falou sobre a motivação para escrever o livro e ressaltou a satisfação de fazer o lançamento da obra na unidade. “Este livro coroa um processo de seis anos de trabalho como relator da ONU, período em que tive a oportunidade de estudar, me aprofundar e vivenciar o tema saneamento, o que me fez adquirir um olhar diferente sobre a questão e enxergar sob uma perspectiva nova. O livro já foi lançado em outras cidades, mas lançar em casa, junto dos colegas, alunos, amigos e familiares, é ainda mais especial “, disse.

O pesquisador Rômulo Paes chamou atenção para o fato de que a primeira crônica de seu livro, escrita em 10 de abril de 2018, verse sobre a prisão do presidente Lula (na época ex-presidente), ocorrida no dia 7 de abril daquele ano, e que o lançamento da publicação esteja ocorrendo justamente no dia em que acontece a diplomação de Lula para o seu terceiro mandato para a Presidência da República. “Em 2018, as previsões eram as piores possíveis; víamos a esquerda desarticulada e com uma incapacidade de reação. Mas houve uma espécie de retorno de Lázaro. Os tempos ainda são perigosos, mas, ao mesmo tempo, alvissareiros. Há uma frase de Pasteur que diz que o acaso não favorece aos despreparados. E o que estamos fazendo é tentando nos preparar para os novos tempos”, afirmou.

 Sobre os livros-

Os Direitos Humanos à Água e ao Saneamento: O livro está estruturado em quatro partes. A primeira faz um levantamento histórico, fornecendo os elementos que permitem enxergar as bases para que o acesso à água e ao saneamento se constituísse um direito humano fundamental. O pesquisador também buscou na literatura sobre o tema as controvérsias acerca da questão, procurando dialogar com as vozes discordantes, além de explicar conceitos importantes para a garantia do direito ao acesso à água e ao saneamento, como disponibilidade, acessibilidade física e qualidade.  Na segunda parte, são discutidos os fatores, principalmente externos ao setor de água e saneamento, que moldam as políticas públicas e explicam por que alguns grupos não conseguem ter acesso aos serviços. Já na parte três, são abordadas as políticas públicas voltadas para a garantia desses direitos. A quarta parte trata sobre as populações e esferas de vida que têm sido negligenciadas nos esforços para promover o acesso aos serviços. São 620 páginas, apresentando uma análise abrangente e inédita, ao trazer diferentes enfoques, que inclui questões teóricas, jurídicas e políticas envolvidas.

Relâmpagos e Tempestades – Crônicas de anos muito perigosos: O livro reúne textos que abrangem um período compreendido entre a prisão do então ex-presidente Lula, em abril de 2018, e quase todo o mandato de Jair Bolsonaro, incluindo mais de dois anos de pandemia de Covid-19. Embora verse sobre temas relacionados ao cenário político brasileiro e à situação epidemiológica do país, a publicação, segundo o autor, não é exatamente militante, por ser desprovida de um caráter imediatista para a ação política, nem é sobre epidemiologia. Tem a ver com a sua forma de pensar a vida, em uma reflexão sobre a dinâmica social em um contexto de crises sobrepostas, combinando observações políticas, filosóficas e poéticas sobre tempos tão difíceis. Ao todo, são 212 páginas, que trazem cerca de 80 crônicas.