Fiocruz Minas estará no MedTrop 2019

Pesquisadores da Fiocruz Minas participarão, entre os dias 28 e 31 de julho, do 55º Congresso de Medicina Tropical, o MedTrop 2019. O evento será realizado em Belo Horizonte, no campus da Universidade Federal de Minas (UFMG), onde ocorrerão simultaneamente outros quatro encontros:  o 26º Congresso Brasileiro de Parasitologia, a 34a Reunião de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas, a 22ª Reunião de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses, o CHAGASLEISH 2019, além do 4º Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas.

Convergência e inclusão: em busca de soluções sustentáveis para o diagnóstico, tratamento e controle das doenças tropicais é o tema desta edição do MedTrop. Segundo os organizadores, a ideia é abrir perspectivas para integração da ciência, educação e tecnologia, buscando, na interdisciplinaridade, benefícios para a saúde, para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. Durante os quatro dias de encontro, serão centenas de atividades, entre palestras, minicursos, oficinas, mesa-redonda, entre outras.

A Fiocruz Minas estará à frente de uma série de trabalhos voltados para os agravos que são objeto de estudo da instituição, como por exemplo, a doença de Chagas. Uma das atividades será a 18ª edição do curso Triatomíneos, sob coordenação da pesquisadora Lileia Gonçalves Diotaiuti. Segundo ela, a principal característica desta iniciativa é reunir pesquisadores e também técnicos envolvidos nas atividades de serviço, possibilitando discutir, à luz da ciência, os problemas relacionados ao controle vetorial da doença de Chagas.

Outra atividade será a mesa-redonda, proposta pelo Grupo Triatomíneos e Epidemiologia da Doença de Chagas do IRR, com o tema Triatomíneos: busca de alternativas para controle. A mesa será coordenada pela pesquisadora Magali Lima do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e contará com a participação de profissionais do IRR.

“São debates importantes uma vez que é difícil controlar as espécies autóctones. Geralmente, eliminam-se as populações de barbeiro dentro de casa, mas aquelas do ambiente silvestre têm sempre uma movimentação natural de dispersão que pode resultar na invasão dos domicílios, que dificulta o controle. A troca de experiências busca encontrar soluções”, afirma Lileia.

Haverá ainda o lançamento do Manual técnico das atividades de controle dos triatomíneos, elaborado com base na experiência da autora, Janice Borba, que coordenou a Vigilância Entomológica da Doença de Chagas na Regional de Saúde de Divinópolis (MG), área endêmica para a doença. A publicação contou com o suporte técnico de pesquisadores da Fiocruz Minas e com o investimento financeiro da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz.

Leishmanioses- Também as leishmanioses estarão em pauta durante o MedTrop 2019. O Grupo de Pesquisa Clínica e Políticas Públicas em Doenças Infecciosas e Parasitárias (PCPP) fará uma apresentação acerca das novas abordagens terapêuticas para as leishmanioses com base em estudos com modelos animais. Os pesquisadores vão apresentar também resultados de pesquisas com novos testes baseados em estratégias não invasivas que dispensam biópsia para o diagnóstico de leishmaniose tegumentar, bem como estudo desenvolvido pelo núcleo de avaliação econômica do PCPP, que analisou a razão de custo-efetividade dos testes sorológicos disponíveis no Brasil para o diagnóstico de leishmaniose visceral

Além da agenda de conferências e mesas redondas, o MedTrop representa uma oportunidade de encontro entre cientistas. Exemplo disso é a realização da primeira reunião dos pesquisadores envolvidos no estudo fase III que avalia a eficácia e a segurança da miltefosina em comparação com a anfotericina B lipossomal para o tratamento da leishmaniose mucosa, com coordenação nacional do IRR. A pesquisadora Gláucia Cota também vai coordenar ainda uma oficina sobre Coinfecção Leishmania e HIV.

“As oficinas são atividades típicas de outro evento científico desenvolvido no MedTrop, a Reunião Anual de Pesquisas Aplicada em Doenças de Chagas e Leishmanioses. São uma oportunidade preciosa de interação entre representantes da academia e gestores, atores importantes no processo de planejamento de políticas públicas em saúde. Nesta edição, já estão confirmadas as presenças de representantes dos programas, do Ministério da Saúde, da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), entre outros”, diz a pesquisadora.

Com a temática das leishmanioses, haverá também um minicurso intitulado Flebotomíneos 2019: desafios para o controle vetorial, coordenado pelo pesquisador José Dilermando Andrade Filho, do Grupo de Estudos em Leishmanioses. Temas como estratégias e otimizações para coletar flebotomíneos, variações intraespecíficas, diversidade da fauna de flebotomíneos no Brasil e resistência a produtos de controle químico estarão em discussão. O curso contará com a presença de seis especialistas, entre eles Paloma Helena Fernandes Shimabukuro e Aldenise Martins Campos, ambas do IRR

“É, na verdade, um curso pré-congresso porque acontece no domingo, 28/7, durante o dia, antes da abertura do evento. O público-alvo são os profissionais das secretarias de saúde, além de estudantes e pesquisadores”, explica o coordenador.

Zoonoses e Parasitos de Animais Silvestres será o tema de uma mesa-redonda que faz parte da programação do Congresso de Parasitologia. A pesquisadora Cristiana Brito, do grupo de pesquisas Biologia Molecular e Imunologia da Malária, fará uma apresentação intitulada: Infecção por Plasmodium em primatas não humanos e a transmissão zoonótica da malária na Mata Atlântica. Serão mostrados resultados de uma pesquisa sobre um novo método de diagnóstico de malária, aprimorando o que existe atualmente para permitir a diferenciação entre a transmissão zoonótica e os casos importados nas regiões de Mata Atlântica.

Cristiana, que é a coordenadora regional da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio ambiente, também ministrará um minicurso no dia 28/07 sobre a Olimpíada. O objetivo é levar um conceito ampliado de saúde, considerando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Plano Nacional de Educação.

“Temos procurado levar os temas de saúde e meio ambiente abordados pela Olimpíada a todos os eventos que tenham a presença de professores. A ideia é propor uma reflexão sobre o papel da escola na disseminação dos conhecimentos de saúde, além de falar sobre as modalidades da competição: audiovisual, projeto de ciência e produção de texto”, destaca Cristiana.

Esquistossomose- O Grupo de Helmintologia e Malacologia Médica levará resultados de dez trabalhos realizados recentemente. Um deles aborda a utilização da técnica de amplificação isotérmica (LAMP) no diagnóstico de Schistosoma mansoni em humanos e em moluscos. Outro trabalho tratará sobre o uso de tecnologia QR Code para obtenção de informações sobre as espécies de moluscos que compõem a Coleção de Malacologia Médica da Fiocruz Minas. Haverá ainda um pôster que versará sobre cultura celular de diferentes órgãos do molusco Biomphalaria glabrata e outros seis que abordarão o silenciamento de genes de Schistosoma mansoni e do hospedeiro intermediário, tendo por objetivo verificar a função desempenhada por eles.

“Nesses trabalhos de silenciamento, o intuito é caracterizar a função gênica para melhor compreensão do parasito e do hospedeiro, bem como sua correlação”, explica a pesquisadora Roberta Caldeira. Segundo ela, um desses trabalhos, intitulado SmFES and SmRAF protein kinases: roles in Schistosoma mansoni development and reproduction, foi selecionado como um dos dez melhores resumos inscritos no Eixo 2 – Fronteira da Ciência e, portanto, irá concorrer ao Prêmio Melhores Trabalhos Científicos.

Outro interessante trabalho que será apresentado se refere à identificação do Angiostrongylus cantonensis através de análises histológicas e moleculares em molusco terrestre depositado na Coleção Biológica, oriundo de Samoa (Polinésia).“Trata-se de um verme causador de um tipo de meningite em humanos, chamada meningoencefalite eosinofílica. Em nosso laboratório, fizemos o primeiro registro de um molusco naturalmente infectado por este parasito na América do Sul”, conta Roberta, que também participará de uma comissão de avaliação de trabalhos.

Outra importante participação será a da pesquisadora Ana Rabello, que, em uma miniconferência, apresentará o acordo apoiado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos/MS e pela Fiocruz, em parceria da Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi), para a realização de estudos estratégicos relacionados ao diagnóstico e tratamento de 14 doenças negligenciadas presentes no Brasil.

“Analisamos contextos epidemiológicos, condições de acesso, situação atual de abastecimento de insumos, registros, opções de compra, dependências, riscos, custo, oportunidades de inovação, desenvolvimento e produção nacional, necessidade de acordos e impactos. Estas análises geram recomendações para políticas de ciência, tecnologia e inovação. Esperamos suscitar debate e divulgar o site onde os relatórios estarão disponíveis para a comunidades científica, público e gestores”, revela a pesquisadora.

Outros grupos de pesquisa da Fiocruz Minas estarão presentes no MedTRop, participando de oficinas, palestras, mesa-redondas, entre outras atividades. Confira a programação completa no site do congresso.