Nossa Gente – Wanderley Alves da Silva

 

Wanderley Alves da Silva

Há quanto tempo está na Fiocruz?
31 anos.

Qual a sua formação?
Segundo grau completo.

Qual a área em que trabalha?
Biotério de produção.

Já atuou em outros setores, departamentos ou unidades?
Sempre atuei no Biotério. Quando ele foi divido em dois, o de Experimentação e o de Produção, há mais de dez anos, passei a trabalhar no Biotério de Produção.

Quais são os desafios de sua área de atuação?
Quando comecei a atuar no Biotério existiam muitos desafios. No início, não tínhamos máquinas e equipamentos adequados, como microisoladores e racks. Na verdade, era um compartimento, com janelas abertas para a área externa e sem controle de temperatura. A paramentação e maravalha, de péssima qualidade, não eram adequadas. Uma grande mudança ocorreu quando a Zélia começou a chefiar o setor. Ela contribuiu muito para a estruturação do Biotério. Fizemos cursos de capacitação no Rio e aqui no Centro de Pesquisas. Na nossa visita ao Centro de Criação de Animais de Laboratório (CECAL), que tinha uma estrutura avançada, passamos a entender o que era realmente um Biotério. Trouxemos esta visão e, em reunião com a Zélia e a diretoria da época, demos início à mudança.
Hoje o biotério mudou muito. Temos linhagens animais que são mais da área da pesquisa, como os animais isogênicos e knockouts. O desafio atual é a demanda crescente por animais no Centro de Pesquisas. O René Rachou cresceu muito, mas o biotério não acompanhou o crescimento na área física e econômica. Sofremos muito com esta questão, sentimos na pele a necessidade de uma maior estrutura física e financeira para a manutenção de equipamentos e para suprir a necessidade crescente de animais no setor.

O que pode destacar de interessante na sua carreira na Fundação?
A grande mudança no Centro de Pesquisas. Quando eu cheguei aqui, a estrutura era bem menor do que a atual. O fato interessante é que as pessoas todas se conheciam e havia confraternização entre todos. Eu me lembro que a festa de fim de ano era organizada em nossa garagem, a churrasqueira era montada com tijolinhos. Com isso, destaco a importância do contato humano e da amizade. A gestão era do Dr. Zigman Brener, tendo como Vice-Diretor o inesquecível Dr. José Pedro Pereira. Os funcionários faziam questão de, anualmente, comemorar o aniversário do Dr. José Pedro. Com este crescimento da Instituição, precisamos resgatar esta integração. Estes momentos não existem mais. Até a diretoria jogava um futebol de salão com a gente. Existiam as festas juninas, os happy hours, as festas das crianças, dos pais, das mães que eram muito importantes. O René cresceu muito e perdemos este contato.
Outro destaque é a importância da Diretoria no aprimoramento da nossa condição profissional. Quando entrei, comecei como Auxiliar de Conservação e Asseio. Foi com o apoio da Diretoria que consegui a mudança de cargo e me tornei um Técnico em Saúde Pública. Nesse sentido, a Valéria Falcão apoio muito os técnicos. Houve uma mudança muito grande com a implementação de supletivos e outros cursos. Muitos concluíram o ensino médio e puderam ter acesso a promoção na carreira e a titulações.

O que espera para o futuro?
Espero uma mudança na parte econômica. Estou às vésperas de me aposentar e aguardo uma mudança nesta estrutura. Com esta crise econômica que o país atravessou, temos uma dificuldade para nos aposentar. Apesar de estar com o tempo de carreira completo, espero que a nova sede não demore muito e que melhore as condições de trabalho, para nós que estamos saindo e para quem está chegando.

O que é o CPqRR para você?
O carro chefe. Durante todos estes anos foi a minha casa, onde estive o maior tempo da minha vida, onde tive eternos amigos e, agora no final da carreira, sinto dificuldade neste momento de transição. Estou na casa há tanto tempo, com as pessoas, o trabalho, os animais. Esta mudança é muito difícil. O René sempre foi a minha casa, onde tive e tenho orgulho de trabalhar e poder ajudar a ciência, contribuindo um pouco nas pesquisas em prol da população e do mundo em geral.
Colocamos muita esperança na atual Diretoria. Sei das dificuldades quanto à criação da nova sede, dos desafios em geral. Não deixo de ter a esperança do bom trabalho pela instituição e a esperança de renovação e melhoria. Minha visão é que devemos sempre melhorar. O que eu espero para as pessoas que estão chegando ao biotério é que encontrem uma casa muito melhor do que encontrei quando cheguei.