Livro reúne conhecimentos sobre como organismos que transmitem doenças percebem o mundo

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As principais descobertas científicas acerca da experiência sensorial de insetos e outros vetores de doenças estão reunidas no livro Sensory ecology of disease vectors [Ecologia sensorial de vetores de doenças]. Com 911 páginas, a publicação apresenta um compilado de conhecimentos gerados a partir de estudos realizados em diferentes países, possibilitando uma ampla compreensão sobre como diversos vetores percebem o mundo. O livro foi organizado pelo pesquisador da Fiocruz Minas Marcelo Lorenzo, em parceria com outros três cientistas: Rickard Ignell e Sharon Hill, da Universidade de Ciências Agrárias da Suécia, e Claudio Lazzari, da Universidade de Tours, na França.

“Nossa ideia foi fazer um livro que proporcionasse uma ampla cobertura sobre o tema, consolidando em uma única publicação tudo de mais relevante que se sabe a respeito do assunto. E conseguimos isso, ao reunir renomados especialistas, de vários países, que apresentaram olhares e perspectivas diferenciadas sobre a questão, resultando em uma publicação bastante robusta”, afirma Lorenzo.

O livro está dividido em 34 capítulos. Vários tratam sobre o sistema olfativo dos insetos, como, por exemplo, um que mostra a relação entre a capacidade de localizar hospedeiros a longa distância e o nível de desenvolvimento do olfato; em outro, os autores apresentam as principais substâncias químicas que modificam comportamentos e de que forma elas são detectadas pelos receptores olfativos. Há ainda capítulos que abordam os comportamentos orientados pelo olfato em diferentes organismos, como, por exemplo, barbeiros, carrapatos e mosquitos.

As funções sensoriais do paladar também estão em foco na publicação.  Um dos capítulos discute o comportamento de flebotomíneos, insetos transmissores das leshmanioses, que, eventualmente, se alimentam do néctar das plantas. Outro apresenta o conhecimento existente sobre a dinâmica fagoestimulatória, que leva à ativação da necessidade de alimentação sanguínea em determinados vetores de doenças. O paladar também é o tema de outros capítulos, que buscam analisar a relação entre a alimentação e o comportamento dos insetos.

Entre os capítulos referentes à audição, há um que apresenta resultados de pesquisa mostrando que sinais acústicos são um importante meio de comunicação em muitos grupos de insetos e estão, frequentemente, envolvidos no comportamento sexual. Em outro, os autores mostram que a emissão de vibrações por parte de insetos, como os barbeiros, ocorre em contextos sexuais e defensivos.

Há também capítulos dedicados a explorar a função dos estímulos visuais no comportamento dos insetos vetores. Em um dos capítulos, os autores apresentam um interessante estudo mostrando que as zebras podem ter desenvolvido listras para fugir das picadas de moscas, uma vez que a interrupção do fluxo óptico é um possível mecanismo para impedir o pouso de insetos.

A influência da temperatura corporal do hospedeiro, o papel do relógio biológico dos insetos na disseminação de doenças, a eficácia e limitações do uso de repelentes também estão em discussão. Alguns capítulos abordam, ainda, os sentidos de forma integrada.

Publicado pela Editora Wageningen Academic Publishers, o livro pode ser encontrado em formato impresso ou digital, por meio das principais plataformas de distribuição.

“É uma publicação que traz contribuições importantes para todos os que se interessam pelo tema, sejam pesquisadores sejam estudantes”, destaca Lorenzo.